Inferno? - Resenha Atrasada/Desafio


"Ele, que sempre gostou de permanecer invisível na multidão, para observar à vontade o que bem entendesse, era agora motivo de curiosidade dos transeuntes. Odiava a maneira que o encaravam. Como se fosse um furúnculo purulento, um mendigo dormindo no asfalto, um epilético tando um ataque na missa de domingo. Era assim que observava as pessoas? Indiscreto, metendo os olhões na dor alheia? Nunca".

Então, né... "Inferno", da Patrícia Melo, foi o meu maior desafio.Tinha lido anteriormente "Acqua Toffana" da mesma autora e minha experiência, digamos, não foi a das melhores, na verdade, odiei o livro. Mas quem acompanha o Blog sabe que nunca desisto de um autor baseado numa única leitura. E lá fui eu para a próxima!
"Inferno" fazia parte do meu desafio do mês de Outubro e fui para o tudo ou nada...
Vamos lá... Já tinha lido que esse é seu melhor livro, então me desarmei "um pouco" para não chegar com os dois pés no peito - a minha cara! - e peguei leve. Acho que deu certo.
O livro é melhor que o não digestivo "Acqua Toffana"? Com certeza, SIM! Mas é um livro ok. No começo pensei que seria, literalmente, MEU Inferno - mero trocadilho, rsrs - mas até que não.
Novamente, fica aqui o meu protesto em relação a alguns escritores que ficam enchendo linguiça desnecessariamente. Tem muitas histórias boas no mercado que se tornam chatas, massantes, porque o autor resolve ficar enrolando com situações, detalhes sem importância, só pelo prazer de tornar o livro gigante. NÃO precisa! O livro pode ser bom mesmo com 100 páginas. Acreditem em nós, que somos leitores compulsivos. Sabemos do que falamos!!
"Inferno" conta a história de José Luís Reis - o Reizinho -, um menino que passa a trabalhar para o tráfico de drogas aos onze anos no Morro do Berimbau, no Rio de Janeiro.
A história desencadeia toda em torno da vida do menino, de suas paixões, sua família, seu trabalho, competição, poder e crime durante vários anos de sua vida.
É mais uma história clichê? - Sim! É. Como tantas outras que lemos em livros, revistas, jornais e assistimos na TV o tempo todo. Tem algo de diferente? Não!
De novo, fica a reclamação aqui: muitas coisas desnecessárias. A história fluiria bem melhor sem alguns capítulos que só fazem encher o saco.
Uma história normal, com alguns "poréns" que já disse.
Foi melhor que o livro anterior da autora. Agora já vi uma escrita "normal", sem as invenções que ela "tentou", frustadamente, criar em "Acqua Toffana". Graças a Deus! Não suportaria ler duas coisas ruins num espaço de tempo tão próximo.
Livro ok para uma leitora que vem com um controle de qualidade alto demais! - Acho que preciso dar alguns passos para trás...
Abraço,

Cláu Trigo

Um comentário

  1. Então já sei que não vou gostar de Acqua Toffana, rs.

    Já tinha dessa no GloboNews Literatura, mas não desse livro ainda.

    Por que será que a maioria dos autores brasileiros gostam mais de escrever bonito do que a preocupação de ter uma boa história. Vaidade? Cafonice?

    Tá aí uma coisa que eu, como escritor, nuca vou entender.

    Parabéns pela clareza da resenha, Cláu. Seguindo teu blog.

    Roberto Camilotti: blog de literatura.

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