Olhos Azuis, Cabelos Pretos - Resenha
sábado, 13 de maio de 2017
"- Não sei nada do que você. Não posso imaginar que sofra por causa do que digo. Não digo nada. Nunca falo a verdade. Não digo nada que faça sofrer. É depois, quando você sofre, que tenho medo do que disse".
"Não existe nada mais público que aquilo que é rigorosamente pessoal".
Essas palavras são da própria Marguerite Duras, e é sobre isso que ela escreve: assuntos rigorosamente pessoais.
"Olhos Azuis, Cabelos Pretos", Editora Círculo do Livro, é um daqueles livros poéticos sem ser blasé. Concebido em diálogos sombrios, tristes, profundos.
Já tinha lido antes "O Amante" e é um dos meus livros favoritos da autora, e "Olhos Azuis, Cabelos Pretos" entrou na minha lista de favoritos também. Foi o último livro escrito pela autora (1986) e sua ficção é bastante influenciada pela técnica cinematográfica, tanto que algumas cenas descritas em seus livros fixam-se na memória como se tivessem sido vistas na tela.
Nessa história, Duras envolve os personagens - dois desconhecidos que se encontram todas as noites para aliviar suas solidões, mas sem envolvimento sexual - a longas conversas sobre a vida, o amor, a solidão, o medo.
Um livro curto - 97 páginas - que quando se acaba de ler entende-se que é preciso retornar a história novamente, a sensação é de que perdemos alguma coisa no caminho. Mas não... é apenas Marguerite Duras nos confrontando com nossos demônios.
Um livro paradoxo, cheio de simbolismos e total falta de sintaxe. Pesado, mas preciso recomenda-lo.
Cláudia Trigo
Apaixonada por livros, amantes de filmes, viciada em séries!
Geminiana, futura filósofa ou bibliotecária, o que me der um trabalho primeiro. Torcedora do São Paulo - de brigar e chorar pelo time!
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