Resenha - Omnes Viae

Título: Omnes Viae
Autor: P. H. Ludwig
Editora: S/E
Páginas: 121
Ano: 2019
Onde Comprar: Amazon (somente e-book)
Sinopse: Em "Omnes Viae", todos os caminhos levam a um destino estranho. Um guerreiro que ao final da jornada encontra algo inesperado em "Os Portões de Celuth"; um projeto para desenvolver Inteligência Artificial com resultados surpreendentes de "Spelaion"; um ser que atingiu o Nirvana e agora precisa voltar para o plano terrestre de "O Errante". São 10 contos de fantasia, sci-fi e algo mais, que por vezes tentam questionar o significado das histórias, e o propósito das jornadas dos protagonistas. Os contos exploram mundos e universos diferentes, criando mitologias e deuses próprios. E por vezes até reimaginam o conhecido. Como o folclore brasileiro com "A História do Saci História"; e como seria o último livro escrito pela humanidade, em "O Último Livro".

Eu não sou Shrak-Uln, mas vocês mortais me nomearam dessa forma, então esse é um de meus nomes, mas não o que sou." (Conto Os Portões de Celuth)

No final de Janeiro, o autor P. H. Ludwig entrou em contato com o blog para ver se podíamos ler o seu livro de contos, "Omnes Viae". Ao ler a sinopse, fiquei bem curiosa, mas o que me chamou a atenção mesmo foi uma crítica no Skoob, que falava muito bem dos contos.
Não sou a maior fã de livros de contos, pois como é normal, sempre há aqueles que são melhores e outros que são mais fracos, e acabo que não consigo me conectar muito com eles ou com a escrita do autor.
E como nesse livro há 10 contos, aconteceu isso. Gostei de alguns mais e outros achei mais fracos. Vou agora comentar rapidamente sobre cada um e dizer quais eu gostei mais.
O primeiro conto chama Os Portões de Celuth e é um conto mais fantástico, que gostei bastante. Acho que abre bem o livro. Aqui acompanhamos o herói Vithasi Tyus, que está indo para Celuth à procura de alguma solução para o término da guerra entre os dois clãs existentes. Um conto muito bom, que trabalha com divindades e o peso da verdade de um jeito muito interessante.
O segundo chama Criação e Destruição. Aqui, acompanhamos Dogen, o criador dos universos. Dogen tem uma filha, Endogan, que ao contrário dele, é a destruidora de civilizações, estrelas e universos. Esse não gostei muito. Achei ele muito repetitivo e não consegui tirar muito do conto.
O terceiro leva o título de Pavuna. Neste, acompanhamos o jovem Guará, que via buscar água e acaba caindo em uma caverna. Lá dentro, encontra Pavuna, uma mulher muito bela. Para descobrirem quem ela é, precisam ler o conto, mas preciso dizer que também não curti muito. Acho melhor do que o anterior, mas não me agradou tanto.
O quarto é o Errante e para mim foi o mais fraco dos contos. Não entendi nada dele. Por não ter entendido, irei passar logo para o próximo.
O quinto é A História do Saci História, que para mim foi o melhor conto, junto com outro que irei falar mais para frente, do livro. A história desse conto se passa em 1917 e acompanhamos o Saci, personagem já tão conhecido por nós brasileiros, descobrindo que um homem está escrevendo sobre ele. Chutem quem é o homem. Ele mesmo, Monteiro Lobato. O conto é interessantíssimo e o autor constrói muito bem o Saci, desde a personalidade que já conhecemos como  talvez a existência de um erro nessa construção. Vai falar um pouco sobre racismo e o apagamento dos povos negros - porque não sei se vocês sabem, mas Monteiro Lobato era extremamente racista. Muito bom. Recomendo demais!
O sexto conto é O Último Livro, que junto com o anterior, são os meus contos favoritos do livro. Esse vai contar simplesmente a história do último livro escrito pela humanidade. Muito interessante também. Acompanhamos Victor Hugo, um senhor de 80 e poucos anos que tem uma das poucas livrarias que restaram em uma megalópole brasileira.
O sétimo conto é Spelaion, que vai contar a história de uma simulação, programado pela doutora Kiran Chawla. Achei esse conto normal. Nem mais, nem menos. Tem algumas coisas que achei interessante, mas achei um pouco cansativo.
O oitavo conto chama Inteligência Primitiva, que talvez seja o conto mais puxado para a ficção científica e achei interessantíssimo. O astronauta russo Nikolai está há seis meses no satélite de Saturno Encélado. Somos os cientistas ou a amostra, a pesquisa?
O penúltimo conto leva o título de Click, que vai puxar para o terror e vou dizer, dá um medinho... Carolyn (tinha que ser, rsrs) é uma revendedora de quadros, que acabou de brigar com a namorada e enquanto tenta achar uma solução para o problema que ela criou, ela vai até uma casa para ver quais quadros dá para vender. Tem um quê de O Retrato de Dorian Gray e gostei bastante, pois não esperava encontrar algo assim nos contos. O final termina de repente e só conseguia pensar: "que absurdo!".
O último conto é A Folha, que achei o conto mais doido do livro, mas isso não quer dizer que achei ruim. Na verdade, achei bem criativo. Acompanhamos a relação de um escritor com a folha de um caderno, ou de um livro em branco. Um bom conto para terminar o livro!

Tantas possibilidades. Quantas maravilhas podemos criar! Mundos fantásticos a serem explorados, romances a serem amados, terrores a serem sentidos, mistérios a serem resolvidos, malfeitores a serem impedidos, futuros a serem sonhados, metáforas a serem mal interpretadas!" (Conto A Folha)

Como podem ver, houve vários que gostei bastante e alguns que achei mais fracos. Mas faz parte quando falamos de coletâneas. Enquanto lia, quase não achei erros, o que é ótimo, considerando que é um livro independente, sem editora. Mas isso tem uma explicação. O autor comentou comigo que ele trabalhou bastante tempo com a revisora para encontrar o melhor caminho e tentar diminuir ao máximo o erros. Acho isso muito importante.
A escrita dele é muito boa e como o livro tem 120 páginas, dá para ler em um dia. Demorei um pouco mais, porque queria aproveitar melhor os contos, então lia um por dia.
Recomendo para quem quer uma leitura mais rápida ou quer experimentar várias aventuras em um livro só.

Até a próxima e boa leitura!