Resenha: Fragmentados (Livro 1)

Título: Fragmentados
Autor(a): Neal Shusterman
Editora: Novo Conceito
Páginas: 320
Ano: 2015
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos, desde as mãos até o coração, é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.

- Meus pais - começa ele - fazem tudo o que devem fazer. Eles pagam impostos. Vão à igreja. Votam do jeito que os amigos deles esperam que votem e pensam o que devem pensar, e nos mandam para escolas que nos educam para pensar exatamente como eles pensam."

Como já disse algumas vezes aqui no blog, já faz algum tempo que não estou muito no clima de distopias. Isso não quer dizer que não irei mais ler o gênero, mas que está mais difícil eu gostar das histórias que venho lendo. Porém, sempre há exceções, e felizmente, ano passado houve uma grata surpresa de um livro que não dava nada e inclusive, quase tirei da estante sem ler e quase se tornou melhor livro do gênero no ano, sendo ultrapassado no finalzinho de Dezembro.Venham conhecer a trama de Fragmentados e o porquê eu gostei tanto dela!
O livro é narrado pela visão de três personagens diferentes: Connor, Risa e Lev, passando por alguns personagens secundários, como é o caso de CyFi. Além disso, o livro é também dividido sete partes.
O mundo de Fragmentado parece como o nosso: tecnologia (um pouco mais avançada, mas também nada muito futurista); uma sociedade aparentemente livre, onde todos podem viver. No entanto, em um Estados Unidos pós-guerra, algumas leis precisam ser mudadas e é o caso da Lei da Vida:

A Segunda Guerra Civil, também conhecida como "Guerra de Heartland", foi um conflito longo e sangrento devido a uma única questão.
Para acabar com a guerra, uma série de emendas constitucionais conhecida como "A Lei da Vida" foi passada.
Ela satisfez tanto o exército Pró-Vida como o Pró-Escolha.
A Lei da Vida declara que a vida humana não pode ser tocada desde o momento da concepção até que a criança chegue à idade de treze anos.
No entanto, entre os treze e os dezoito, a mãe ou o pai pode escolher "abortar" retroativamente uma criança...
... com a condição de que a vida da criança não tenha fim "tecnicamente".
O processo pelo qual uma criança é ao mesmo tempo eliminada e mantida viva é chamado de "fragmentação".
Agora, a fragmentação é uma prática comum e aceita pela sociedade."

Com essa condição, o primeiro personagem na qual somos apresentados é Connor. O jovem acabou de fugir de casa ao saber que ele seria fragmentado. Sem se dar bem com os pais, com diversas brigas na escola e com a única pessoa que ele considerava estar ao seu lado mostrando a sua verdadeira intenção, a única opção que sobra é fugir. No entanto, nessa sua fuga, ele causa um acidente envolvendo diversas pessoas e carros. Entrem eles, estão: Risa e Lev.
Risa é uma jovem que foi abandonada pela mãe e que por causa disso, foi morar em um abrigo do Estado - local onde ficam crianças abandonadas, denominadas cegonhas. As crianças que ficam nessa casa precisam se especializar em alguma área importante para o Estado, se não, são fragmentadas. É o caso da nossa personagem. Amante da música, ela tenta atingir a perfeição enquanto toca piano. Por ser uma área pouco interessante para o Estado, Risa aproveita a chance que surge com o acidente e foge.
 Lev é de uma família grande, rica e religiosa. Sendo o irmão mais novo, o garoto escolheu ser um dízimo, uma maneira de ajudar os outros e ainda viver neles, com eles. Ao ser um dízimo, o jovem de hora e local marcado para ser fragmentado, além de ser em uma clínica de primeira. Enquanto está sendo levado para o local, o acidente acontece e Lev se fere. É quando Connor o retira do carro e o arrasta dali.
Além deles, o personagem mais interessante é CyFi, um garoto negro que aparece mais ou menos no meio da história e vai te surpreender com a sua história. Diferente, triste e resultado dessa nova sociedade criada.
Os assuntos discutidos pelo autor são muito importantes e alguns até diferentes para o gênero. Quantas histórias tratam e discutem o aborto? Ainda mais dessa maneira... Não lembro de nenhum. O livro também discute racismo e religião de uma maneira muito interessante e atual.
A trama é muito dinâmica e lemos o livro muito rápido. Tem ação na medida certa, e também pausas e momentos mais reflexivos, sem cansar a leitura.
Os personagens são muito bem construídos e todos têm um crescimento muito interessante de acompanhar. Para mim, o Lev é o personagem mais chato, mas também é o que tem a maior mudança na história.
Enfim, um livro diferente para o gênero e que nos dá um alívio por ver que os romances distópicos podem ser muito mais do que um triângulo amoroso e um pouco de ação.
A distopia deveria ser um gênero onde o autor critique um tipo de sociedade ou um grupo, e nos mostre o que podemos virar se não mudarmos, mas por causa do sucesso de Jogos Vorazes, se tornou um gênero onde todo mundo quer escrever, mas ninguém sabe do que se trata. Com certeza, o gênero deu uma respirada com esse livro. Só espero que o segundo volume, Desintegrados, consiga continuar a qualidade.

Até a próxima e boa leitura!

9 comentários

  1. Olá Carolina!!!
    Eu realmente faz muito tempo que não leio distopias, principalmente por realmente as pessoas terem pego a receita de "Jogos Vorazes" e não ter construído mais nada que triângulos amorosos nesses mesmos como você disse.
    Eu já tinha visto esse livro, mas não havia lido nada sobre a história que compõe o mesmo.
    De todo modo adorei que essa distopia traz assuntos necessários e tão diferentes daquilo que estamos acostumados

    lereliterario.blogspot.com

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  2. Olá, tudo bem? Menina, esse livro está na minha estante há um bom tempo já, mas como distopia não é um gênero que eu tenha o costume de ler, acabou que eu não li ele ainda, e esses dias eu estava pensando que tinha que ler ele, e hoje vejo essa tua resenha maravilhosa, hahahaha, só pode ser o destino! Adorei tua resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. A conclusão de sua resenha foi essencial. Concordo que distopias elas precisam criticar uma sociedade e infelizmente não é muito o que tenho visto.
    Nunca fui anima com distopias, mas Fragmentados parece ter um ar diferente do que esperava, vou dar uma chance a ele agora

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  4. Oi, Carol!
    Eu não dava muita bola para esse livro, justamente por achar que seria um "mais do mesmo" de distopias. rsrs Bom saber que é uma história cativante e de qualidade. Darei uma chance quando possível!
    bjos
    Lucy - Por essas páginas

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  5. Oie!
    Caramba, que livro diferente!
    Adorei toda essa coisa de lutar contra o sistema, e parece ter muita ação! Me lembrou um pouco do "Quinta Onda". Amei, mesmo!! Já coloquei na lista!

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  6. Poxa vida, eu tenho esse livro a tanto tempo na minha estante e não fazia ideia de que tratava de temas tão importantes e que era uma distopia realmente boa, bom demais saber disso! Acho que finalmente darei uma chance para essa história e espero gostar tanto quanto você.

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  7. Olá, tudo bem? Nossa eu não vejo a hora de alguma outra editora pegar essa obra ou a editora querer lançar o último né, porque ler de forma incompleta não é para mim. Eu sempre ouço elogios para as obras do autor, e por isso sou super curiosa com essa distopia. Mas como fica esse impasse, acabo aguardando. Que bom que curtiu bastante, e de fato distopias são livros que tem nos fazer pensar. Adorei a sua opinião!
    Beijos

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  8. Eu já tinha lido muitos elogios a essa obra logo após seu lançamento, porém com tantos lançamentos esse título acabou ficando de lado. Contudo após ler sua resenha fiquei interessada novamente, especialmente pelos temas abordados, pois como você citou são poucos os títulos que o abordam de uma maneira reflexiva e que nos desperta interesse.

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  9. Olá, tudo bom?
    É tão bacana quando não damos muito por um livro de um gênero que adoramos e ele acaba nos surpreendendo né? Eu particularmente não sou muito de ler distopias, mas essa, por tudo o que você falou, realmente parece ser diferente da enorme quantidade de publicações do gênero. Fiquei curiosa para conferir um pouco mais dessa crítica tecida pelo autor, então anotei a dica.
    Beijos!

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