Resenha: Escuridão Total Sem Estrelas

Título: Escuridão Total Sem Estrelas
Autor(a): Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 392
Ano: 2015
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Na ausência da luz, o mundo assume formas sombrias, distorcidas, tenebrosas. Em Escuridão Total Sem Estrelas os crimes parecem inevitáveis; as punições, insuportáveis; as cumplicidades, misteriosas. Os personagens dos quatro contos de Stephen King passam por momentos de escuridão total, quando não existe nada – bom senso, piedade, justiça ou estrelas – para guiá-los. Suas histórias representam o modo como lidamos com o mundo e como o mundo lida conosco. São narrativas fortes e, cada uma a seu modo, profundamente chocantes.

Ela se inclinou para mais perto. O cheiro dela era avassaladora, e seu sorriso meio de lado, de orelha a orelha... Consigo vê-lo agora, enquanto escrevo. Disse a mim mesmo para morrer, mas meu coração continuava batendo. Seu rosto pendurado deslizou para junto do meu. Senti minha barba curta arrancando minúsculos pedaços de sua pele; podia ouvir sua mandíbula quebrada rangendo como um galho coberto de gelo. Então ela pressionou os lábios frios contra minha orelha febril, e começou a sussurrar segredos que somente uma mulher morta saberia. Eu gritei. Prometi me matar e trocar de lugar com ela no inferno, se ela parasse. Mas ela não parou. Não pararia. Os mortos não param.

Sei disso agora."

 

Sempre que eu começo um livro do Stephen King, ao mesmo tempo em que fico muito curiosa em saber o que esse homem inventou, fico um pouco receosa, pois tenho um pouco de dificuldade de gostar das suas histórias e também sempre demoro nas leituras.

Dito isso, comecei Escuridão Total Sem Estrelas com altas expectativas, já que as críticas sobre ele são muito positivas. Mas ai, entra outro problema meu: é bem difícil eu me conectar com as tramas quando estou lendo contos. Mesmo assim, estava curiosa para descobrir como seria a minha experiência com mais um livro do King, visto que a última vez que li algo dele foi em 2017.

O livro e dividido em quatro contos: 1922, Gigante do Volante, Extensão Justa e Um Bom Casamento. Vou trazer uma sinopse rápida de cada um, seguido da minha opinião, para depois finalizar o que eu achei da leitura em geral.

1922 é o conto mais longo do livro, com 140 páginas. O agricultor Wilfred e seu filho Hank não querem vender as suas terras, mas sua esposa quer ir embora daquela cidade pequena e interiorana. Eles precisam então tomar uma decisão: abrir mão das terras ou da esposa? Eu já conhecia um pouco da trama desse conto porque já tinha assistido a adaptação da Netflix, de mesmo nome. No entanto, me lembrava muito pouco do enredo e com certeza o filme não conseguiu passar metade da sensação que o conto passa. É difícil até de explicar, mas a gente vai ficando cada vez mais incomodado durante a leitura. Tanto que demorei para terminar, porque toda hora precisava dar uma pausa. Eu gostei muito da atmosfera do conto, mas acho ele um pouco lento. Talvez a lentidão seja proposital e até entendo. Funcionou.

Gigante do Volante é o segundo conto e tem 116 páginas. Aqui, acompanhamos Tess, uma autora de livros de mistérios, que está viajando para dar uma palestra sobre eles em uma biblioteca. A conversa vai muito bem e tudo o que ela quer é voltar para casa e ficar com a sua gata. Mas durante o trajeto, o pneu do se carro fura e ela tem que parar para trocar. Até que um homem gigante encosta para ajudá-la e então tudo vira de ponta cabeça. Agora a única coisa que Tess quer é  vingança! Bom, eu achei esse conto ok. Nele está o que eu mais odeio no Stephen King e que no final da resenha eu vou comentar mais profundamente: o prazer em que ele tem para ferrar com as suas personagens femininas. A Tess sofre muito nas mãos desse estranho e quando ela vai atrás da sua vingança, ela se ferra mais um pouco. Já que estamos lendo contos de terror e que tem esse teor, facilmente os papéis podiam ser invertidos, mas essa não é a primeira vez que o King faz isso e nem é a última, e isso me incomoda demais!

Extensão Justa é o terceiro conto e tem 36 páginas, tornando o mais curto do livro. Nesse, acompanhamos Dave Streeter, um homem que tem um câncer terminal e por causa disso, seu relacionamento com sua esposa e seus filhos está quebrado. Até que ela faz um pacto com um estranho vendedor. Mas para isso, ele terá que destruir a vida de outra pessoa. Será que vale a pena? Esse foi o conto que menos gostei, porque acho horrível essa ideia de tirar os nossos problemas (seja qual for, de grana, doença, família) e passar para outra pessoa. E pior, você ver o que a outra pessoa está sofrendo e ainda sentir prazer. Não gostei nadinha.

Um Bom Casamento é o último conto, com 86 páginas e foi o meu favorito. Darcy Anderson acredita que tem um casamento perfeito, com um homem maravilhoso. Até que um dia, enquanto ele viaja, ela encontra uma caixa escondida na garagem e tudo o que achava ser verdade se esvai. Eu gostei muito desse porque o modo como a personagem descobre esse segredo muito perigoso e lida com a situação toda foi muito interessante e bem construído. Foi o que mais gostei e o que achei que teve o melhor desenvolvimento de alguma personagem feminina.

Bom, foi mais uma experiência com o Stephen King e acho que deu para perceber o que gosto nas histórias dele e o que eu não curto muito. Isso facilita na hora de escolher o próximo livro, pois já vou sabendo que posso não gostar da construção das personagens femininas dele e que vou demorar na leitura.

O livro está lindíssimo, com essa edição maravilhosa, toda preta, da Suma.

Me recomendam qual livro dele, considerando tudo o que disse? (E de preferência, sem ser algum dos seus calhamaços).

Até a próxima e boa leitura!