Resenha: Golem & O Gênio

Título: Golem & O Gênio
Autor(a): Helene Wecker
Editora: DarkSide
Páginas: 514
Ano: 2015
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Em Golem & o Gênio, o leitor se transporta à Nova York da virada do século XX, em uma viagem fascinante através das culturas árabe e judaica. Seus guias serão poderosos seres mitológicos.
Chava é uma golem, criatura feita de barro, trazida à vida por um estranho rabino envolvido com os estudos alquímicos da Cabala. Ahmad é um gênio, ser feito de fogo, nascido no deserto sírio, preso em uma antiga garrafa de cobre por um beduíno, séculos atrás.
Atraídos pelo destino à parte mais pobre de uma Manhattan construída por imigrantes, Ahmad e Chava se tornam improváveis amigos e companheiros de alma, desafiando suas naturezas opostas. Até a noite em que um terrível incidente os separa. Mas uma poderosa ameaça vai reuni-los novamente, colocando em risco suas existências e obrigando-os a fazer uma escolha definitiva.

O convés estava lotado de gente, e no início a Golem não conseguiu ver para o que eles estavam acenando. De repente, lá estava: uma mulher verde-acinzentada em pé no meio das águas, segurando uma tabuleta em uma das mãos e ostentando uma tocha na outra. Seu olhar era impassível, e ela estava totalmente imóvel: seria também um golem? Então a distância ficou nítida, e ela compreendeu o quão longe estava a mulher, e o quanto ela era gigantesca. Não estava viva, afinal; mas os olhos inexpressivos e serenos traziam, contudo, um sinal de compreensão. E as pessoas no convés acenavam e gritavam para ela com júbilo, rindo e chorando ao mesmo tempo. Esta também é, pensou a Golem, uma mulher que fora construída. Seja lá o que significasse para os outros, era amada e respeitada por isso. Pela primeira vez desde a morte de Rotfeld, a Golem sentiu algo como esperança."

Manhattan, 1899 (século XX). Uma cidade construída por imigrantes e destino de muitos trabalhadores. É neste contexto que chega o navio Baltika, vindo da Alemanha. A bordo, está Otto Rotfeld e sua Golem - um ser de barro criado pelo poderoso rabino Yehudah Schaalman. Durante a viagem, ele acaba morrendo e a criatura tem que aprender a viver sozinha em Nova York. É lá que ela acaba conhecendo o rabi Meyer, que a ajuda dando um local para morar e um nome, Chava.

Em uma comunidade perto, na pequena Síria, um funileiro trabalha na sua mais recente encomenda: uma garrada toda amassada. Ao esfregar o artefato, Arbeely ocasiona um explosão e disso surge um homem nu. Descobrimos então que ele é um djim, ou como conhecemos, um gênio! Ele é um ser feito de fogo, que nasceu no deserto sírio e que ficou preso por mil anos nessa garrafa. Ao ganhar o nome de Ahmad, ele começa a trabalhar na funilaria enquanto busca pela sua liberdade.

Até que um dia, o caminho do Djim se cruzará com o da Golem e eles descobrirão juntos que é possível serem amigos, mesmo sendo seres tão opostos. 

Neste mundo, a cultura árabe e judaica se encontram, trazendo uma narrativa épica e inesquecível!

Desculpe", ela disse, "mas... eu apenas queria saber... qual é o seu nome?"

Por um instante, parecia que ele estava refletindo sobre a pergunta, mas então disse: "Ahmad".

"Ahmad", ela repetiu. "De onde você é?"

"Você chamaria de Síria."

"Eu chamaria de Síria? E como você chama?"

"Lar", ele respondeu."

 

Esse livro foi o escolhido por mim para ler durante o ano inteiro, já que ele é mais grosso do que o normal e tinha um receio de que a leitura fosse devagar. Grande engano meu! Apesar de ter levado nove meses para lê-lo, a culpa não foi da história e sim minha, que fiquei toda enrolada com a faculdade e as outras leituras. Poderia facilmente ter lido em dois meses.

Faz um mês que estou para escrever essa resenha e não consigo, pois não sei como transmitir tudo o que senti lendo essa história e o quão maravilhosa ela é. Neste momento, estou parada a algumas horas na frente no notebook e as palavras não saem. Não faço ideia de como explicar a perfeição desse enredo. Mas vou tentar.

A primeira coisa que me conquistou foi a questão cultural. Devido ao nosso desafio, cada vez mais eu estou interessada em outras culturas e religiões, então conhecer mais da mitologia árabe e judaica foi tudo! Além de que eu venho amando entender como a sociedade árabe, principalmente, funciona.

Outro ponto são os personagens. Todos, sem exceção, são muito bem construídos. Desde os seres até os humanos. Parece que nós conhecemos eles, que eles moram no mesmo bairro que a gente. E com isso, entramos no terceiro motivo: a descrição dos lugares e a narrativa épica. No momento em que começamos a ler, a gente entra nesse universo e a leitura passa muito rápido, mesmo não sendo o enredo mais fluído que vocês vão encontrar.

Não importava o quanto se sentisse tentado, ele sabia que não conseguiria destruí-la. Ela era inocente, não poderia assumir a culpa de sua existência. O rabi ainda acreditava nisso, independente de quanto o seu medo tentasse convencê-lo do contrário. Esse era o verdadeiro motivo de ter escolhido para ela o nome Chava: de chai, que significa vida. Para lembrá-lo disso."

Enfim, não sei mais como transparecer o quanto que fui atingida por essa história. A escrita da autora é completa e com certeza foi o melhor livro que li nos últimos anos. Tudo o que vinha procurando, eu encontrei nele.

Achei o final um pouco corrido, mas não diminuiu em nada. Normalmente tenho um pouco de receio com as traduções da DarkSide, mas não achei nenhum erro, o que é essencial em um livro como esse, com tanta informação cultural. A edição está lindíssima e só posso terminar essa resenha pedindo uma coisa: leiam esse livro!

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Até a próxima e boa leitura!