Título: A Cidade Murada
Autor(a): Ryan Graudin
Tradutor(a): Guilherme Miranda
Editora: Seguinte
Páginas: 396 | Ano: 2015
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Existem três regras para sobreviver na Cidade Murada. Corra muito. Não confie em ninguém. Ande sempre com uma faca.
Hak Nam é uma cidade murada de ruas estreitas e sujas, onde vivem traficantes, assassinos, prostitutas e ladrões. É também onde mora Dai, um garoto cujo passado o assombra e o mantém preso naquele lugar horrível. Para alcançar a liberdade, ele terá de se envolver com a principal gangue ali dentro e formar uma dupla com alguém que consiga entregar drogas muito, muito rápido. Alguém como Jin, uma garota ágil e esperta que finge ser um menino para conseguir sobreviver e continuar a busca por sua irmã, Mei Yee. Confinada num bordel, Mei Yee está mais perto do que Jin imagina. Ela passa os dias sonhando em fugir… até que Dai cruza seu caminho.
Cidade da Escuridão. É como as pessoas de Seng Ngoi chamam este lugar quando o avistam do alto de seus escritórios ou de suas coberturas. Um ponto negro de cortiços e crime na sua cidade clara. Um nome melhor, na minha opinião, seria Cidade da Dor."
Uns anos atrás, li Lobo por Lobo, da autora Ryan Graudin e amei a história, a escrita dela. Chegou 2024 e decidi separar cinco livros que eu achava que podiam ser cinco estrelas, e virarem até favoritos do ano.
A Cidade Murada, também da autora, foi um dos cinco livros escolhidos para esse desafio. (Dois dos cinco já tiveram resenha aqui. Três Mulheres e Contato de Emergência.).
Aqui temos um livro de ficção inspirado numa cidade que realmente existiu. A cidade murada de Kowloon, em Hong Kong, abrigava por volta de 50 mil pessoas em apenas 2,7 hectares (27 mil m², o equivalente a quatro campos de futebol). Por causa disso, era uma cidade praticamente vertical, onde a luz solar quase não alcançava o chão, e os moradores viviam em extrema pobreza e praticamente sem leis. Trinta anos atrás, quando Hong Kong teve sua soberania transferida do Reino Unido para a China, Kowloon foi destruída.
Foto: Ian Lambot e Greg Girard's. The Architectural Review. |
Aqui na história, dentro da Cidade Murada de Hak Nam, existem três regras para conseguir sobreviver nela: 1) Correr muito; 2) Não confiar em ninguém; 3) Andar sempre com uma faca.
Narrado por dois personagens, Dai, um garoto que o seu passado o mantém preso neste local e para conseguir sua liberdade, precisa se envolver com a principal gangue ali dentro, que manda e desmanda na população; e Jin, uma garota ágil, rápida e esperta, que finge ser um menino para conseguir sobreviver e buscar por sua irmã, Mei Yee, que está confinada num bordel após ser raptada pela mesma gangue. Jin passa os dias roubando e fugindo dos assassinos, até que Dai a encontra para uma proposta de "trabalho" em troca de dinheiro: entregar drogas muito, muito rápido.
Foto: Ian Lambot e Greg Girard's. The Architectural Review. |
Como no livro anterior da autora que já tinha lido, aqui novamente a leitura fluiu muito rápido. É impressionante como a construção da história, dos personagens, funciona bem e você fica presa na história. Os personagens são cativantes, com muita personalidade e dramas. Em A Cidade Murada, você entende as motivações para cada atitude deles.
Jin foi uma personagem mais interessante na minha opinião, porque a busca dela é bem mais pesada e as fugas dela deixam a história muito frenética. Os capítulos narrados pelo Dai são mais calmos, porque ele é um personagem que não pode deixar o disfarce ser descoberto. Ele precisa ter mais cuidado, enquanto ela está lutando contra o tempo. Para quem joga vídeo game, é como se ele fosse as fases de stealth e ela as fases de porradaria.
Mas acredito que exista um terceiro personagem muito importante nesta história: Hak Nam. A cidade, apesar de ao mesmo tempo, ter muita vida e não ter, faz parte da trama. Enquanto lemos, sentimos os odores das ruas apertadas, o medo dos becos escuros, a necessidade das pessoas que trabalham em lojas pobres, o desespero de quem precisa viver de roubos para sobreviver.
E saber que ela é inspirada em um local que realmente existiu só deixa tudo mais interessante de ler. Parece mesmo que estamos em Kowloon, nos anos 80, 90. Inclusive, um tempo antes de ler o livro, já tinha tido um primeiro contato com essa região na gameplay que assisti do jogo de terror Welcome to Kowloon, e a cidade é bem construída também. Para quem gosta de jogos do gênero, fica a recomendação.
Não sei se deu para perceber tão bem na resenha, mas eu amei esse livro. Terminei de ler ele e sempre que podia estava falando sobre ele para as pessoas ao meu redor. Espero que eu tenha conseguido plantar a sementinha do interesse em vocês, porque é uma história que vale muito a pena, mesmo.Obs.: não deixem de entrar nos links que deixei durante o texto, pois há muita informação importante sobre a cidade.
Até a próxima e boa leitura.
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