Jostein Gaarder Falhando Comigo!!


"Fiquei perdido em pensamentos, ou melhor, fiquei em um estado de espírito que despejou subitamente, uma avalanche de antigas recordações, imagens e fortes impressões à beira-mar de quando só tínhamos vinte e poucos anos, verdadeiras sequências cinematográficas de episódios de que já nem me lembrava de haver filmado, e não era um filme mudo, pois cheguei até a ouvir a sua voz, a sua risada, você conversando comigo. E, à parte isso, ouvi o vento e as aves marinhas, cheguei a sentir o cheiro do seu cabelo comprido e escuro. Cheirava a maresia e a algas. Não foi um fluxo normal de pensamento, ele borbotava como um gêiser de felicidade contida ou como um olhar para trás, para o tempo que um dia nos pertenceu."

Mais um livro que não perderia nada se tornasse apenas um conto. "O Castelo  nos Pirineus", de Jostein Gaarder, Editora Cia das Letras, é mais uma daquelas histórias que vai se arrastando, frustando. Embora adore! o autor, esse está BEM longe de fazer parte de meu hall de livros recomendados.
A história é massante, repetitiva, pesada e nada envolvente. Só pega no tranco nos dois últimos capítulos - por isso que poderia ser apenas um conto - seria muito mais envolvente, teria bem mais conteúdo e valeria a pena o tempo perdido! Era só dar uma boa "enxugada" e teria uma boa resenha para compartilhar com vocês, mas não!
O livro trás a história de Solrun e Steinn, que viveram uma intensa história de amor quando eram jovens. Certo dia, porém, um episódio muito estranho provoca a separação do casal.
Depois de trinta anos sem se ver, eles voltam a se encontrar por acaso num braço de fiorde na Noruega, o lugar que fora palco do fim do relacionamento.
A partir desse encontro de poucas horas, os dois começam a se corresponder por e-mail, mas com a promessa de sempre apagar as mensagens trocadas. Aos cinquenta e poucos anos, eles estão casados, têm filhos e moram em cidades distintas. Enquanto Solrun ensina numa escola e se torna cada vez mais espiritualizada, Steinn é o climatologista que continua sempre cético, explicando todos os fenômenos da vida e do universo pela ciência - e é isso que torna a história MUITO cansativa!
Nas mensagens trocadas, cada um deles irá explicar sua concepção de mundo, numa tentativa de entender os rumos que suas vidas tomaram. As visões são diametralmente opostas, mas a forte ligação entre os dois continua a mesma. Sempre com muito respeito pela posição e coerência do outro; eles discutem ideias, crenças e tentam explicar o que houve no estranho episódio de três décadas antes, envolvendo uma misteriosa "mulher amora", conforme eles apelidaram.
O título do livro é uma citação do quadro de René Magritte, Le Château des Pyrénées, que tem um "gigantesco" rochedo pairando na paisagem", e no alto do rochedo há um castelo. A situação improvável, de algo que contraria as leis da natureza, é a chave para compreender o que fez o antigo casal romper tantos anos antes, por uma incongruência na maneira de enxergar fenômenos determinantes em suas vidas. O que para Steinn é acaso, pura coincidência ou ilusão de ótica, para Solrun significa a existência de um outro poder, uma força maior, que desconhecemos, e que estaria regendo os acontecimentos. Ela crê em Deus e na telepatia, ele no bigue-bangue e na teoria da relatividade.
Os diálogos de Steinn são BEM cansativos, enquanto os de Solrun são mais naturais e se encaixam na história - o que nós, leitores, queremos ler! Só que sua personagem só cresce nos dois últimos capítulos, que é quando a história passa a andar e deixa de se arrastar!
O livro é cansativo, é chato e não convence. Tem um final inusitado e ganha uma estrelinha por isso. Mas é só!

Cláudia Trigo

2 comentários

  1. Oi Cláudia!
    Puxa...que pena que o livro é tão enfadonho. Eu tinha gostado do quote.
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  2. Olá,
    Nossa, que chato que o livro é tão maçante, vou tentar passar longe, com certeza.
    Beijos.
    Memórias de Leitura - memorias-de-leitura.blogspot.com

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