A Desconstrução do Mito Feminino - O Papel de Parede Amarelo


"O trabalho das mulheres dentro de casa sem dúvidas permite aos homens produzir mais riqueza do que normalmente conseguiriam. E desta forma as mulheres têm papel econômico ativo na sociedade. Mas o mesmo vale para os cavalos. O trabalho dos cavalos permite aos homens produzir mais riqueza do que normalmente conseguiriam. Os cavalos têm papel econômico ativo na sociedade, mas não têm independência financeira, assim como as mulheres."

Mais que um livro que se tornou  referência do Movimento Feminista, "O Papel de Parede Amarelo", de Charlotte Perkins Gilman, Editora José Olympio, é um sinônimo de luta, de coragem, de reconstrução.
O livro narra a história de uma esposa fragilizada, que sobre os cuidados do marido médico, vai se recuperar numa fazenda histórica numa tentativa de criar ali um retiro de recuperação emocional. O lugar é encantador, com uma bela mansão colonial e jardins amplos e sombreados. Tudo parece compor o cenário perfeito. Mas algo de muito estranho se passa naquela casa... especialmente no quarto em que o casal se instala, com o sombrio papel de parede amarelo.
Quando a autora nos aproxima da personagem feminina, uma mulher deprimida e submetida a um tratamento impositivo e infantilizador, percebemos que a incômoda estranheza sentida por ela tem suas causas em algo além da casa e das berrantes visões despertadas pelo papel de parede amarelo. E o estranho, como observou Freud, é aquilo que nos é familiar.
É um conto muito acima de seu tempo, Como Elaine Hedges nos fala no Posfácio; "Do seu jeito louco-são, Charlotte viu a situação das mulheres exatamente pelo que ela é. Ela queria estrangular a mulher atrás do papel - amarrá-la com um corda. Porque essa mulher, o trágico produto de sua sociedade, é naturalmente o próprio eu da narradora. E, ao rejeitar essa mulher, ela poderia libertar a outra, aprisionada dentro de si mesma. A única rejeição disponível, contudo, é o suicídio, e assim ela cai numa espiral de loucura. A loucura é sua única liberdade, conforme, rastejando pelo quarto, grita para o marido que finalmente conseguiu "sair" - do papel de parede - e não pode ser colocada de volta".
É uma leitura muito atual e consciente. Cheia de passagens fortes e subliminares, uma complexa desconstrução do mito que é ser mulher. Vale muito uma análise mais profunda e analítica, mas deixo isso para uma próxima oportunidade.
Valeu.

Cláu Trigo

12 comentários

  1. Olá! Amo histórias com essa temática, nos ajuda a entender como tudo era antes e o quanto evoluiu.
    Sua forma de mostrar esse livro só me deixou com mais vontade de conhecê-lo. Muito mistério rolando e a sede pela liberdade em uma sociedade opressora me cativam ;D
    Amei. Beijos!

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  2. Olá Cláu,
    Tenho muita curiosidade em relação a essa obra justamente por essa temática tão interessante. Você não é a primeira pessoa que fala das mensagens subliminares presentes no livro e isso me anima ainda mais. Estou me perguntando como os protagonistas lidam com isso.
    Dica anotada.
    Beijos,
    Um Oceano de Histórias

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  3. Olá!
    Eu li três resenhas sobre esse livro, mas não me canso e ver opiniões sobre seu enredo. Adorei seu ponto de vista. Os destaques que você deu à importância da leitura desse conto, por ser algo tão à frente do seu tempo, me deixaram ainda mais animada para lê-lo um dia. Espero ter essa chance logo! E espero captar essas mensagens tão sutis como você fez.

    Beijos!
    www.myqueenside.com.br

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  4. Olá
    Eu não tô aí, super erguendo esse a mandei a do feminismo,mas sempre acompanho a causa. Eu já vi várias resenhas e comentários sobre o livro, e são sempre bem positivas. Espero poder comprar o livro em breve e ler mais rápido ainda rsrs. Adorei ver suas opiniões, até mais vê
    Bjs

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  5. Acho que o tema, infelizmente, nunca entrará em desgaste, e por isso, merece ser discutido sempre. Ainda nao li, mas quero muito ler este livro.
    Meu Amor Pelos Livros
    Beijos

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  6. Oiee ^^
    Mesmo sendo curto, esse conto mexeu muito comigo. E o pior é que a história é real, né? Vi em algum lugar que algo parecido aconteceu com a autora. É muito bom ver que o feminismo está se tornando mais visível na sociedade, principalmente em comparação à épocas mais antigas, quando as mulheres não tinham quase nenhum direito ou eram tratadas como loucas, como no livro acima.
    MilkMilks ♥
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  7. Olá,
    é a primeira vez que ouço falar desse livro e despertou muito minha curiosidade. Já que o conto é um daqueles para enriquecer nosso intelecto, de uma forma diferente dos livros que são mais para entretenimento.
    Não sou fã da maioria dos movimentos feminista, apesar de muita gente vê-lo como um só, acho que o movimento está em alguns aspectos dividido e muitos deles não me agradam. Mas acho que a leitura é super valida e atemporal.

    Bjs,

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  8. Olá!
    Não conhecia essa obra e fiquei muito interessada, principalmente por ser uma das obras principais do feminismo. Adoro leituras assim e acredito que deve trazer coisas valiosas para a nossa vida.
    Beijos.

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  9. Olá!
    Não conhecia o livro e fiquei bem curiosa sobre a leitura!
    Adorei saber que é um conto muito acima de seu tempo, parece realmente uma leitura atual e com passagens fortes.
    Gosto da temática abordada, pretendo ler a obra!
    Beijos!

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  10. Olá =) É bom ler esse tipo de temática para ver como as coisas mudaram. Hoje ,apesar de algum coisinhas, temos mais liberdade e independência para fazer nossas próprias escolha e não depender de homens. Beijos'

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  11. Oie.
    Vi esse livro a bastante tempo e na época achei legal para dar uma variada na leitura, ler algo mais cult e com uma pegada menos fantástica e tal, ainda quero, mas a lista está tão grande que vai ser meio difícil...
    Bjokas

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  12. Olá, tudo bom?
    Tem bastante tempo que quero ler esse livro, principalmente por essa abordagem do feminismo existente no mesmo. É ótimo termos obras assim, que trazem os aspectos do feminismo para mais perto de nós, ainda mais quando o livro foi escrito em uma época em que a autora teve de ter muita consciência para criar seu enredo, tendo em vista que as mulheres ainda não tinham tais pensamentos. Adorei a resenha!

    Beijos!
    @PollyanaCampos
    Entre Livros e Personagens

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