Visita as Terras Bucólicas e Enigmáticas do Barão de Grão-Mogol



O ano era 1876, Guálter Martins Pereira, o então Barão de Grão-Mogol compra a Fazenda Angélica em Rio Claro - São Paulo, que rebatizou de Fazenda Grão-Mogol em homenagem a sua terra natal mineira. Em 1883 finaliza a construção da nova sede da fazenda realizada por 80 escravos de procedência mineira e baiana.

Conta a história que o Grão Barão, apesar de homem ilustre e culto, era extremamente malvado. Foi coronel da Guarda Nacional e em 1865 organizou um Corpo de Voluntários da Pátria, dotando-o de fardamento e armas, e enviando-o ao Rio de Janeiro para combater na Guerra do Paraguai, no qual dois dos seus irmãos seguiram como oficiais. Em 1876 comprou o London Bank e de 1887-1890 foi eleito pelo Partido Monarquista a Vereador de Rio Claro.

Entre as histórias contadas, há relatos que todos os escravos que não tinham mais utilidade ou agiam errado, eram mortos afogados em uma represa que passava perto da casa - hoje é apenas uma pequena nascente. O capataz amarrava as mãos e os pés e depois colocava pedras para que afundassem e se afogassem.

Mesmo casado com a sua prima, a Baronesa Emília de Sá Martins Pereira, e tendo com esta três filhos legítimos, tinha casos frequentes com suas escravas e, conta a lenda, que "herdou" mais de 50 filhos. Um dos seus casos foi de conhecimento da então Baronesa, que mandou um dos capatazes matar a escrava, grávida do seu marido. Quando ficou sabendo das ordens da esposa, o Grão Barão aprisiono-a por sete anos no sótão da fazenda. Há relatos de que sua esposa tenha feito desenhos nas paredes usando sangue retirado de cortes feito por ela mesma. Não se sabe se ela era demente, ou ficou depois.

Em seu leito de morte, o Barão teria pedido o perdão a sua esposa, mas esta o negou. Após a sua morte, conta-se que a Baronesa teria se jogado pela janela do seu quarto.

Fotos nossas 

O túmulo do Barão se encontra a alguns metros da sede da fazenda, onde antigamente era um cemitério de escravos. Hoje só existe o túmulo do Grão Barão, e em toda a sua volta só há plantações de cana de açúcar.

A referência para se encontrar o túmulo no meio daquele canavial é uma única árvore solitária postada em frente do caminho para este.

O lugar é sombrio, pesado, no meio do nada. Pessoas acendem velas ao redor do túmulo e trazem oferendas (eu ofereci a Carol e ele não aceitou). Quando estivemos lá, sentia-se um perfume muito forte de flores, mesmo estas sendo a maior parte de plástico e o restante estavam secas.

A sede do casarão é hoje tombada pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) - apesar de estar caindo, como vários patrimônios nacionais. Apesar de ninguém se importar, ali jaz uma rica e importante parte da nossa história que nossas autoridades preferem omitir, mas ela é legítima e triste, e não podemos deixar que se apague.

Rio Claro fica a 177 km da capital paulista, e a sede do casarão se encontra no bairro Mata Negra, distrito de Ajapi.

Vale a visita para quem gosta de histórias - de medo ou não! Vale pela bela arquitetura da casa em estilo colonial, muito avançada para a época, por toda a natureza em volta - são milhares de hectares de terras - essas foram divididas entre herdeiros, algumas partes foram vendidas ou foram arrendadas.

O lugar é bucólico e lindíssimo. Em volta do túmulo é sombrio, e reza a lenda que pessoas mais sensíveis sentem muito frio ao redor dele.

A casa não visitamos, pois precisa de autorização dos proprietários. É área particular, mas dá para vê-la de longe. Quem quiser visitar, precisa entrar em contato antes para autorização.

Se você quiser um bom e rico passeio cultural, fica a dica. Vou deixar um link aqui de um canal que foi lá para investigar fenômenos paranormais. Para quem gosta, a matéria está bem legal.

Gostaria de agradecer o amigo Tico, que nos levou até lá e durante o caminho foi contando diversas histórias que ouvia sobre a propriedade, e a "coragem" da minha irmã, Cristiane, que conseguiu convencer a Carol a ir. Gostaria de ter voltado a noite, mas isso não foi possível de persuadi-la. Não teve jeito.

Foto retirada da Internet 




Texto feito por Cláudia Trigo.
Fotos tiradas por Carol Trigo.

17 comentários

  1. nossa, não conhecia, mas já fiquei muito curiosa pra visitar esse lugar!
    não acho que teria medo, mas adoraria conhecer a história (apesar de já ter aprendido muito com seu texto), fiquei curiosa pra saber mais!
    ótimo texto :D

    Virando Amor

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  2. Seu post já foi bastante esclarecedor e agora só me resta ir pessoalmente e conhecer o lugar. Acho que eu não ficaria com medo, mas com muita curiosidade pra saber m ais e mais. Amei a dica.
    Beijos

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  3. Oi, Cláudia!
    Não conhecia esse lugar. Deve ter sido emocionante tê-lo visto de perto. Sou medrosa com filmes de terror, mas amo livros e lugares com histórias sombrias. A arquitetura colonial das casas realmente deve dar um charme. Fico impressionada como nosso país tem lugares e histórias tão diferentes, que muitas vezes são desconhecidas pela maioria das pessoas, como é o caso dessa. Amei o post! Beijos!

    castelodoimaginario.blogspot.com

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  4. Olá!
    Caramba, que história interessante sobre o local! Eu também não sei se teria coragem de visitar à noite, eu morreria de medo! rsrs
    Mas acho que ia gostar de visitar durante o dia!
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  5. Olá!

    Não conhecia o local e nem a história, mas confesso que batei um quê de curiosidade e calafrio para visitar o local. Quem dera se fosse mais próximo à mim!

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  6. Olá!
    Que demais essa postagem. Sempre bom para conhecermos mais da história do nosso país.
    Não conhecia o local, mas deve ter sido de um aprendizado e uma experiência riquíssima.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  7. Nossa, que lugar interessante, adoro conhecer esses locais onde tem história. Quero demais conhecer esse lugar.

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  8. Você contou a história do lugar e desse barão de forma tão envolvente que mergulhei profundamente no texto, visualizando as cenas, reconstruindo na minha mente o lugar como na época. Eu às vezes viajo assim, sem sair do lugar.rs

    Todavia, é algo tão pesado, saber que tanto sangue foi derramado nesse lugar (a morte dos escravos), tanta dor, tantos erros, tanta maldade... é uma história de destruição e jamais eu colocaria os pés voluntariamente nesse lugar. Deus me livre e guarde! Sou sim uma apaixonada por História, mas existem lugares nos quais eu não conseguiria ir, porque ficaria destroçada imaginando o sofrimento das pessoas que estiveram ali.

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  9. Oi Claudia,
    Obrigado por esse texto rico de informações históricas sobre o nosso país. Já pensou em contar essa história em um livros? Poderia dar um tom de terror ou de Romance Histórico. Ficaria bem legal!
    Beijos,
    André | Garotos Perdidos

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  10. Oi Claudia, acho fascinante esses lugares tenho sempre uma vontade louca de conhecer, ainda mais quando se tem uma história no fundo. Ainda não tinha ouvido falar sobre esse local e achei maravilhoso o seu texto.

    Beijos

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  11. Oi! Eu adoro lugares com histórias desse jeito, se pudesse visitaria cada fazendo e pedaço de terra nesse país que tem teorias parecidas com esta. Que homem único, e fez muitas histórias surgirem também. Você ofereceu a Carol, sozinha, ou fez um pratinho de farofa? Hahahahah Amei!

    Bjoxx ~ Aline ~ www.stalker-literaria.com ♥

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  12. Oi.

    Adorei este lugar e gostaria muito de conhecê-lo pessoalmente. Seu post está muito bom, e deu muita vontade de pesquisar mais sobre este lugar e sobre sua história.

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  13. Apesar de ter feito e sido muita coisa em vida, no fundo o barão parece ter se portado apenas como mais um poderoso desprezível que fazia o que queria com o poder que tinha e nisso todos os feitos mais notáveis eram as crueldades que praticava com outros seres humanos. Não duvido que q energia nesse lugar seja pesada... Fiquei curiosa sobre o cemitério de escravos que hoje só possui o túmulo do barão, onde foram parar os escravos e a esposa dele, porque será que não foi enterrada ao lado do marido? Adorei o post, super informativo.

    Abraços!

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  14. Eu imagino que lugar incrível deva ter sido visitar um lugar desse repleto de tanta história assim. Por mais que algumas questoes tenham me deixado bastante assustada, acho que vale a pena a visitação porque é como conhecer de fato onde grande parte disso tudo aconteceu.

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  15. Oi, tudo bem?
    Esses dias eu visitei uma fazenda do interior de sp e achei muito bacana a arquitetura do lugar, por isso fiquei curiosa com esse lugar também. Além disso, adorei conhecer um pouco sobre a história e que pecado você oferecer a Carol kkkkkk Enfim, achei muito bacana o post mesmo, mas não sei se eu teria coragem de ir nesse tumulo ai, talvez só a as casas mesmo kkkk

    Beijos :*

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  16. Olá, tudo bem?

    Eu gosto de lugares/cenários bucólicos, gosto do interior e de sítios/fazendas. Eu não sairia aqui do interior de minas apenas para Rio Claro por exemplo, mas se estivesse de passagem na região seria uma boa oportunidade. Gostei de conhecer um pouco sobre a história do local.
    Abraço!

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  17. Olá, estou querendo visitar esse lugar antes que tudo desabe...sabe dizer quem autoriza ir até o casarão ? Se é alguém que mora lá...ou tem que ligar para alguém ? Obrigado e Feliz 2020.

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