Resenha: Jane Eyre - #MulheresEmFoco

Título: Jane Eyre
Autora: Charlotte Brontë
Editora: Zahar
Páginas: 536
Ano: 2018
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Sinopse: Jane Eyre conheceu o sofrimento ainda pequena, na casa da tia que a criou e na austera Lowood Institution onde foi educada. Mas também pequena já mostrava sua natureza firme e independente. Fiel a si mesma, ciente do seu valor e da consideração que merecia, assim manteve-se por toda a vida – ao abandonar os tormentos de Lowood e se empregar como governanta em Thornfield Hall; ao descobrir o amor mas, com ele, um terrível segredo; ao decidir partir e, depois, recomeçar.


Das mulheres se espera que sejam muito calmas, de modo geral. Mas as mulheres sentem como os homens. Necessitam exercícios para suas faculdades e espaço para os seus esforços, assim como seus irmãos; sofrem com uma restrição rígida demais, com uma estagnação absoluta demais, exatamente como sofreriam os homens. E é uma estreiteza de visão por parte de seus companheiros mais privilegiados dizer que elas deveriam se confinar a preparar pudim e tricotar meias, a tocar piano e bordar bolsas. É insensato condená-las ou rir delas se buscam fazer mais ou aprender mais do que o costume determinou necessário ao seu sexo."

Um clássico sempre traz com ele sua reputação, suas críticas e para nós leitores, o medo de ler um livro já tão conhecido e neste caso, grosso. Apesar de amar a adaptação desse livro, aquela com a Mia Wasikowska, tinha um receio gigantesco com o livro, pois além de ser um clássico e das suas 535 páginas, eu já não tinha dado muita sorte com "Orgulho e Preconceito". Felizmente, "Jane Eyre" (Ed. Zahar), da Charlotte Brontë, me conquistou de um jeito que não imaginava.
Venham descobrir o por que amei tanto a Jane Eyre.
Desde pequena, Jane Eyre já sabe o que é viver uma vida difícil. Ela até morava numa boa casa, nada faltava para ela, além de amor. Crescendo na casa da tia que mais a maltrata do que outra coisa e com seus três primos pestes, Jane só queria poder sair daquele lugar. Até que a oportunidade surgi quando ela vai para o colégio interno de Lowood. Lá, ela cresce e se torna professora, trabalhando por um tempo ainda lá. A situação começa a melhorar para Jane, quando ela aceita ser a governanta em Thornfield Hall, onde conhecerá a pequena Adèle e o rancoroso Sr. Rochester.
Começamos o livro com Jane ainda pequena, enquanto está morando na casa da sua tia. As coisas que ela passa na mão dessa melhor e dos seus primos é muito triste. Mas também vemos desde cedo a sua personalidade, que é muito forte, ainda mais para a época.
A partir do momento em que Jane vai para Lowood, apesar da vida dela ainda ser muito sofrida, pois o ensino é muito rígido e a condição não é das melhores - falta comida, faz muito frio e as meninas não têm roupas quentes o suficiente, ocasionando em muitas doenças - nós, leitores, enquanto vamos lendo, percebemos que Jane está feliz. Ela gosta daquele lugar. Tanto, que mesmo depois de terminar os seus estudos, ela ainda fica um tempo dando aula para as novas garotas.
Porém, Jane quer um pouco mais de independência, principalmente financeira. Ela então coloca um anúncio no jornal à procura de uma casa na qual possa trabalhar como governanta. É aí que ela a vida dela muda totalmente e vou parar por aqui. Vou deixar para quem ainda não leu, poder aproveitar de todas as sensações que Charlotte nos traz com essa história.
Como disse no começo, eu adoro a adaptação com a Mia Wasikowska, mas como era um clássico, tinha um pouco de medo em ler.  Mas fui pega de surpresa quando comecei a ler e descobri como a escrita da Charlotte é fácil e rápida. Não sei se isso se deve ao trabalho de tradução ou se a escrita dela é realmente fácil. Só sei que li muito rápido.
Sobre a edição preciso comentar o quão primoroso está o trabalho da Zahar. Primeiro, a apresentação feita pela Antonia Pellegrino é absurdamente boa. Mostra como a Charlotte Brontë estava muito a frente do seu tempo e traz o contexto no qual a história foi escrita. A tradução me pareceu muito boa e há vários comentários pertinentes e que nos ajudam na leitura. Com certeza a melhor edição que vocês vão encontrar desse livro.
Jane Eyre é uma personagem muito a frente do seu tempo, que ainda tem coisas para nos dizer e até algumas lições para nos ensinar. 172 anos depois e ainda existem pessoas que não entenderam que as mulheres têm os mesmos direitos que os homens e que nós podemos fazer o que bem quisermos, sem ninguém decidir nada pela gente. Vamos trabalhar no que quisermos e nos casarmos (se quisermos), quando quisermos. Charlotte Brontë já nos ensinava isso em 1847 - e mesmo assim, teve que publicar o seu livro por um pseudônimo masculino.

- O que a faz acreditar que ele não a ama, Jane?
- Você deveria ouvir o que ele próprio tem a dizer sobre o assunto. Repetidas vezes explicou que não é para ele, mas para o seu ofício, que deseja uma esposa. Disse-me que eu fui feita para o trabalho, não para o amor: o que é verdade, sem dúvidas. Mas, na minha opinião, se eu não fui feita para o amor, também não fui feita para o casamento. Não seria estranho, Die, ser acorrentada para o resto da vida a um homem que só me considera um instrumento útil? "

Nem preciso dizer que amei esse livro, né? Leiam sem medo, pois a leitura é muito rápida e a escrita muito fácil.

Até a próxima e boa leitura!

11 comentários

  1. Oi Carol!
    Esse livro ainda não conhecia mas conheço a escrita das irmãs Brontë, adoro a escrita e e como sempre com um bom humor, e as mocinhas são sempre a frente de sua época. Parabéns pela resenha fiquei curiosa sobre os personagens e muito empolgada em conhecer Jane, obrigado pela dica, bjs!

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  2. Não conhecia esse livro, mas estou bem curioso para saber mais da história. Seu enredo parece ser intenso e surpreendente. Anotada a dica.

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  3. Oi, Carolina!
    Jane Eyre é um dos meus preferidos da Charlotte e seu lugar entre os clássicos está assegurado para sempre por sua importância ao tratar temas que, de uma forma ou de outra, continuam sendo extremamente importantes de serem tratados! Estou participando de uma leitura coletiva dele e estou adorando reler esses capítulos e me encontrar mais uma vez acompanhando Jane por toda sua saga.
    Beijos!

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  4. Olá, Carol!

    Este é um dos livros que estou lendo no momento!rs Foi o escolhido para a quarta edição da nossa leitura coletiva e estou amando. A escrita da Charlotte é realmente fluída, pois a edição que tenho é diferente da sua, outra tradução, e mesmo assim tudo flui naturalmente, não sentimos vontade de largar o livro. O que pesa é o sofrimento da Jane. Ela pena muito e isso nos parte o coração.

    Me disseram que o livro tem final feliz, então, estou ansiosa por isto!

    Pois é. O tempo passa e as pessoas continuam achando que nós mulheres somos objetos ou seres inferiores aos homens. É vergonhoso que tal mentalidade ainda exista em pleno século XXI.

    Bjs!

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  5. Olá!
    Acho essa edição linda e tenho vontade de realizar a leitura. Tenho certeza que os pontos ressaltados são importantes para nos fazer refletir. Apesar da época acho que algumas autoras se destacam por serem a frente de seu tempo.
    Adorei suas considerações e espero gostar dessa leitura.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  6. Oi Carol, tudo bem? Eu li essa obra mas em uma edição da Nova Fronteira e amei demais! Jane realmente é uma personagem a frente do seu tempo e me encantei com a sua firmeza em muitos momentos. Adorei sua resenha!

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  7. Olá Carolina!!!
    Sim, Charlotte estava a frente de seu tempo e suas irmãs também. Sinto-me mal por saber que "Orgulho e Preconceito" não teve um impacto tão bom em você, mas ao menos fico contente por ter gostado desse livro.
    Em relação a Jane Eyre minha edição não é da Zahar, mas também gostei da tradução que ficou da mesma acho que isso significa que a linguagem da autora é fluída.
    Adorei a resenha!!!

    lereliterario.blogspot.com

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  8. olá, Carolina. fico feliz que tenha gostado da leitura. não li essa irmã Bronte ainda, só a Emily [apaixonada por ela hahaha], mas quero comprar essa edição da Zahar que está linda demais...

    eu até gostei de Orgulho e Preconceito, pena que vc nao curtiu... essa adaptação de Eyre tbm nao vi. pretendo fazer isso assim que concluir a leitura...
    bjs :D

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  9. Eu tenho muita vontade de ler esse livro, principalmente por ser um clássico tão elogiado. Confesso que sabia pouco sobre a história e agora estou ainda mais curiosa para realizar essa leitura.

    Beijos, Gabi
    Reino da Loucura | Instagram

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  10. Esse é um dos clássicos que ainda não li, mas quero muito. Gostei de saber que a escrita da autora não e datada, que ela realmente escreveu uma obra atemporal. Espero ter a oportunidade de ler em breve.
    Beijos

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