Resenha Atrasada: Volto Semana Que Vem - #OlharNosNacionais

Título: Volto Semana Que Vem
Autor (a): Maria Pilla
Editora: Cosac Naify
Páginas: 96
Ano: 2015
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: "Volto semana que vem” é o que a narradora deste livro responde ao pai ao sair de casa num dia de 1970, quando ele pergunta, espantado, aonde ela vai. “Mais de dez anos se passaram até eu voltar àquela cozinha”, conclui ela em seguida. Composto por recortes de memória, o livro é o retrato de uma vida brasileira exemplar: a de quem foi criança logo depois da Era Vargas (o dia do suicídio de Getúlio é uma das primeiras cenas evocadas aqui), cresceu nos tempos de Juscelino, foi jovem com a ditadura, militou com a esquerda, conheceu a prisão, a tortura e o exílio. Apesar da violência de boa parte das lembranças que compõem essa vida, o humor e a percepção do sabor das coisas transformam o que poderia ser amargura numa luminosa declaração de alegria irredutível.

Era o debate político mais arrebatador daqueles anos. Um punhado de jovens militantes contestava frontalmente a autoridade e as posições políticas de um partido tradicional povoado de figuras míticas. Chamavam-nos depreciativamente "os jovens". Seguíamos em frente passando por cima de tudo: não queríamos uma vida como a deles, nossos pais. Queríamos tudo, e tudo em excesso. A vida, o amor, a política, a aventura, o mundo. Um mundo que fosse bem melhor do que aquele."

Nossa autora, Maria Pilla, é gaúcha militante revolucionária no Brasil e na Argentina na década de 1970, presa e torturada em Buenos Aires, exilada de seu país por 22 anos.
O livro são fragmentos de sua história. Não há sequência, não há lógica, não há pontes. São o que são. Nada mais. Relatos de uma vida de luta, de sofrimento.
Maria vai nos relatando sua vida de militante, sua prisão na Argentina e seu exílio na França. Nos conta histórias tristes, filosóficas, pessoais e comuns. Intelectuais que conheceu nesses anos de estrada, por exemplo, Juan Miró.

Ué, guria, pra onde você vai?
O pai vestia um pijama claro, estava em pé na cozinha. Eu deveria sair por uns dias. Quis exagerar para não assustar, se demorasse mais do que o previsto. Uma semana e estarei de volta. Poxa, tanto tempo assim? É. Mando notícias.
Mais de dez anos se passaram até eu voltar aquela capital. (1970)"

Ao tomar o partido de respeitar a força dos fatos, sem adjetivar o horror exposto ou a dor vivida, a autora parece sempre, por um método próprio, reunir o prazer, o bom humor e o dever em seus fragmentos de memórias.
Todos os relatos são lembranças de um tempo "quase feliz".
Uma história que recomendo para conhecermos um pouco da história e entendermos os dias atuais.

6 comentários

  1. Gente, que livor diferente e que proposta ousada não é mesmo? Fiquei curiosa e acho que será um livro que me despertará muitas reflexões.
    Beijos

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  2. Oi, tudo bem?
    Ainda não conhecia esse livro, mas achei a proposta dele bem diferente e instigante. Não sou muito fã de biografias, mas essa seria uma que eu leria. Vou anotar a dica aqui e assim que der irei lê-lo.

    Beijos.

    Books and Movies
    www.booksandmovies.com.br/

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  3. Olá, tudo bem?

    Autobiografia não é meu gênero favorito. A premissa desse livro é bem interessante, ainda mais se tratando de militância. Apesar de ter achado interessante, não é o tipo de livro que arriscaria a leitura, então dessa vez passo a dica.

    Beijos

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  4. Nossa, essa leitura parece se forte e polêmica. Eu gosto desse estilo de leitura e essa obra chamou demais minha atenção. Pretendo lê-la em breve porque fiquei muito curioso.

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  5. Parece um livro forte, não costumo ler livros assim, mas parece ser um livro que eu gostaria de ler e saber mais sobre a história de vida.
    bjo

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  6. Oi, tudo bem?
    Eu não conhecia esse livro e nem a autora. Confesso que apesar de parecer ser uma leitura emocionante e impactante, não é um livro que desperte minha curiosidade. Talvez por não conhecer a autora, não fiquei muito interessada em sua autobiografia. Mas que bom que gostou da leitura e de conhecer os relatos da autora.
    Beijos!

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