Resenha: Ao Farol

Título: Ao Farol
Autor(a): Virginia Woolf
Editora: Autêntica
Páginas: 234
Ano: 2013
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Ao Farol é a transposição artística da memória dos verões passados em St. Ives e da relação com os pais. Mas um romance, se bem concebido, nunca é um relato autobiográfico. A artista procede por condensações, deslocamentos, deformações. Feita dos atos e eventos banais que constituem o material da vida cotidiana. Mas de revelações, de visões, de epifanias. E o ato artístico supremo consiste em transformar visões em palavras, em frases, em verbo.
Em Ao Farol, as visões, os sons, as cores da infância de Virginia se transformam em imagens literárias, em sonoridades verbais, em coloridos estilísticos. Ela exerce aí, com virtuosidade invulgar, o privilégio supremo da verdadeira artista.

Era preciso agora levar tudo um passo adiante. Com um pé na passagem da porta, ela esperou um pouquinho mais, numa cena que se desvanecia no instante mesmo em que olhava, e então, enquanto se mexia e tomava o braço de Minta e deixava a sala, a cena mudou, compondo-se de maneira diferente; já se tornara, sabia ela, dando-lhe um último olhar por cima do ombro, passado."

É sempre difícil quando lemos um clássico e acabamos por não gostar tanto quanto queríamos. Foi isso o que aconteceu comigo enquanto lia Ao Farol, uma das principais obras de Virginia Woolf.
O livro, por uma questão de Virginia Woolf não gostar, poderia ser considerado uma autobiografia, já que, durante a história, existe diversas transposições entre memória de verões passados da autora e ficção.
Isso porque, apesar de Virginia Woolf  ter passado diversas férias na casa de praia da família em St. Ives, na Inglaterra, a ilha na qual a história se passa (Ilha de Skye, na Escócia) não é a mesma. Do mesmo modo, o seu pai - Leslie Stephen, na qual ela mantinha uma relação um pouco estranha - é bem diferente do personagem masculino do livro, o Sr. Ramsay; isso ocorre também com a mãe de Woolf, Julia Stephen, que faleceu quando a escritora tinha somente treze anos e difere bastante da personagem materna do livro, a Sra. Ramsay. Por fim, a jovem pintora Lily Briscoe não é a representação de Virginia Woolf.
O livro é dividido em três partes: A Janela, O Tempo Passa e O Farol. A primeira parte foi a que achei mais confusa e complicada de ler, pois demorei para entender quem os personagens eram e qual era a linha cronológica. Já nas outras duas partes, as peças começaram a se encaixar um pouco mais e comecei a entender onde que a Virginia Woolf queria chegar.
Durante todo o desenrolar, a narrativa é sempre intercalada entre alguns personagens, mas principalmente a Sra. Ramsay e Lily Briscoe, e demorei um absurdo para entender quem era quem, principalmente a segunda e quais eram os seus objetivos.
O que me ajudou bastante ao final da leitura foi o posfácio escrito por Hermione Lee - crítica literária, autora de uma biografia da Virginia Woolf, professora de literatura e Presidente do Wolfson College (na Universidade de Oxford).
Então, como vocês podem ver, eu acabei não gostando como eu esperava e realmente, eu queria gostar. No entanto, isso não quer dizer que você não pode gostar, até porque é um clássico e existem milhares de pessoas quem amam esse livro, como a minha mãe, que foi quem escolheu esse livro para eu ler... Eu reconheço a importância e a qualidade dele, mas simplesmente ele não funcionou comigo. Espero que entendam.
Me digam se já leram Ao Farol e qual foi a experiência de vocês lendo ele (e me indiquem outros livros da Virginia Woolf que eu possa gostar).

Até a próxima e boa leitura!

10 comentários

  1. Olá, tudo bem? Eu ainda não tive a oportunidade de ler as obras da autora, mas estou com alguns títulos na minha lista e já vou adicionar este também pois gostei muito das suas considerações.

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  2. Oi linda.
    Olha,nem sempre a gente gosta de um livro seja ele clássico ou não. Acontece.
    Eu li Ao Farol, acho um livro muito intimista., ela acaba se abrindo muito, mesmo que alguns leitores não percebam. Te confesso que não acho dos melhores livros, mas achei ok ate.

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  3. Oii,

    Este é um dos clássicos que eu não tenho muita vontade de ler, nunca chamou muito a minha atenção. É uma pena que você não tenha curtido, porque é péssimo quando a gente está esperando muito de uma leitura e ela acaba não sendo isso tudo e não funcionando para a gente. Mas pelo menos você tentou curtir a leitura, ela só não funcionou. Espero que você tenha outras mil leituras que compensem e que te agradem :)

    Beijinhos...
    http://www.equipenerd.com.br/

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  4. Olá, tudo bem por aí?

    Confesso que nunca tive vontade de ler esse livro. A premissa nunca chamou muito a minha atenção, e agora depois de ler sua resenha e ver que foi um pouco decepcionante, me dá menos vontade ainda. Eu sei que cada um tem sua percepção própria e muitos amam, como a sua mãe que você mesmo citou, mas enfim. Adorei o seu blog, inclusive, e acabei de segui-lo.

    Abraços!
    www.acampamentodaleitura.com

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  5. Oi, Carol.
    Que pena que essa leitura não foi tão boa quanto você esperava.
    Eu já tentei ler um livro da autora, mas percebi logo de cara que não fazia meu estilo e desisti. Ainda bem que existe gosto para todo tipo de livro, né?! Rs...
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  6. Olá

    Você pode Ms.Malloway ou Um teto só seu que são leituras sem cortes temporais e autobiográficos. Virginia tinha uma vida bem perturbada e suas obras seguem sua mentalidade e por isso a confusão narrativa é presente em muitas de suas obras, é como se fosse os livros de Clarice Lispector.

    Beijos

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  7. Olá, tudo bem? Admito que clássicos são bem fora da minha caixinha de conforto literário, por isso apesar de saber da sua grande importância na literatura, ainda não é algo que me arriscaria no momento. Uma pena que a leitura não foi o que esperava, porém temos outros títulos dela para tentar não? Ótima e sincera resenha!
    Beijos

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  8. Esse livro deve ter uma história profunda, ainda mais se tratando de um clássico. Ainda não li nada da escritora, mas estou com Mrs. Dalloway em minha lista, pois já há algum tempo venho desejando ler essa obra. E pelo que estou vendo serão duas, pois a sua indicação aguçou minha curiosidade também.

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  9. Olá Carol!!!
    Ler Virgínia é bastante complicado, porque ou você entende ela ou fica bastante frustrado em relação às suas histórias.
    Eu nunca cheguei a ter interesse por "Ao Farol", mas posso indicar um que gostei muito que é "Orlando" dela.

    lereliterario.blogspot.com

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  10. Olá!
    que pena que foi uma leitura cansativa, eu não conseguiria insistir na leitura, se a leitura não me prende, já paro. Tenho vontade de ler algo da autora, mas não sei se conseguiria, mas irei tentar!

    beijos

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