Resenha: Imperfeitos (Livro 1)

Título: Imperfeitos
Autor(a): Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Páginas: 320
Ano: 2016
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Celestine.
A perfeita filha, namorada e irmã. O modelo exato da cidade. Em um mundo de regras, não se pode nem sonhar em contrariar o Tribunal, ainda mais sendo namorada do filho do grande juiz. No entanto, quando Celestine percebe que as leis vão contra o que julga certo, sua vida perfeita começa a ruir, e ela precisa saber se será forte o suficiente para encarar o julgamento mais severo de todos.


Nunca estive no Tribunal, mas ele é aberto ao público e é possível vê-lo na TV. É um processo justo porque, além das testemunhas do acontecimento em questão, amigos e familiares são chamados para falar sobre o caráter do acusado. No Dia da Sentença, o juiz decide se o acusado é ou não Imperfeito. Se sim, suas imperfeições são pronunciadas publicamente e sua pele é marcada com um I em um dos cincos lugares possíveis. A localização do I depende da transgressão cometida.
Para quem toma decisões ruins, é na têmpora.
Para quem mente, na língua.
Para quem trapaceia, na palma da mão direita.
Para quem é desleal com o Tribunal, no peito, sobre o coração.
Para quem não segue as regras da sociedade, na sola do pé direito.
Eles também têm de usar uma braçadeira com a letra I marcada em vermelho o tempo todo, para que sempre sejam identificados pelo público e sirvam de exemplo. Eles não são presos; não fizeram nada ilegal, mas agiram, sim, de uma forma considerada prejudicial à sociedade. Eles ainda vivem entre nós, mas são ostracizados pela sociedade, e seguem outras regras."

O que dizer desse livro? Não sei nem por onde começar...
Que talvez a Cecelia Ahern é a minha autora favorita? Mas isso todo mundo já sabe.
Que eu adoro distopias? Sabido também.
Que eu estava morrendo de medo de ler esse livro, já que é um gênero totalmente fora da zona de conforto dela? Bastante.
Que eu amei ele? Com certeza, sim.
Pois bem. Vamos para, possivelmente, a minha maior resenha no blog.
Na sociedade de Imperfeitos, a imperfeição é rejeitada e aqueles que são julgados como imperfeitos são marcados para sempre, excluídos da sociedade.
É nesse mundo que conhecemos Celestine North, uma jovem que faz de tudo para ter uma vida perfeita. Exemplo de filha e irmã, aluna excepcional. Ainda namora Artt Crevan, filho do principal e maior juiz da cidade.

Sou uma menina de definições, de lógica, de preto no branco.
Lembre-se disso."

Até que um dia Celestine se depara com uma situação um tanto quanto incomum, na qual ela toma uma decisão que mudará o seu futuro. Acusada de ser Imperfeita, Celestine terá que lidar com uma sociedade que só sabe apontar dedos.
Vamos lá. Porque que eu gostei tanto desse livro?
Primeiro, achei muito importante a Cecelia colocar como protagonista uma menina negra, já que o livro tem muita referência ao que os negros passaram nos EUA, como por exemplo, terem que sentar em bancos sinalizados para eles nos ônibus. Aqui os Imperfeitos não podem sentar em qualquer lugar nem trabalhar em empregos específicos. Eles são literalmente excluídos da sociedade.
Além dessa referência, há também uma alusão ao que os judeus passaram durante a IIGM, já que eles tinham que sempre usar uma braçadeira os identificando como judeus. Aqui também há algo parecido, pois além dos Imperfeitos serem marcados com um I, eles também precisam usar uma braçadeira com o símbolo.
Considerando tudo isso, há ainda críticas sociais e políticas o tempo todo, feitas de um modo muito certeiro. Todo dia passamos ou vemos alguém sendo julgado porque fez algo errado ou porque não é perfeito, sendo que os erros são importantes para crescermos. Uma pessoa que se considera perfeita, dificilmente conseguirá ter empatia com os outros e é exatamente esse o erro que Celestine comete: ter empatia com o outro.
Não vou dizer muito mais da trama para não soltar possíveis spoilers, já que existem algumas reviravoltas na história que, eu pelo menos, não estava esperando. Só irei fazer um breve comentário sobre uma cena específica: o momento no qual Celestine é marcada é tão agonizante que precisamos dar uma pausa logo depois.
Se eu ainda não consegui convencer vocês a lerem, então eu peço para darem uma chance, pois duvido que não gostem - tanto para quem já conhece a escrita da Cecelia como quem ainda não leu nada dela.
O único problema é que a Novo Conceito não publicou o segundo volume, que já fazem alguns anos que saiu lá fora. Fico muito triste, pois esse primeiro volume é mais do que uma distopia adolescente e se destaca em tantos outros livros do gênero. Mas tenho esperança que em algum momento eles venham a publicar.

Ele é um policial em quem antes eu confiava, que admirava e por quem me sentia protegida. Penso nas pessoas que me atacaram na minha caminhada aqui hoje, as crianças que foram tiradas do meu caminho. Penso na falta de contato visual. A raiva aumenta. Nada faz sentido.
Sou uma menina de definições, de lógica, de preto no branco.
- HRRP! - grito para o policial, sentindo a raiva tomar conta de mim. Aprendi isso na escola. Aprendi tudo isso. Por que ele não conhece as regras que aprendi e que certamente lhe foram ensinadas também? Por que ninguém no mundo real faz o que aprendemos? - H é de honestidade - digo, percebendo o tremor na minha voz, não de medo, mas de raiva. Tento me controlar. - Ser honesto e ético e seguir os princípios da justiça. É o que um policial deve fazer. R é de responsabilidade. Aceitar a responsabilidade individual e garantir a responsabilidade das pessoas.
[...] - O outro R é de respeito! Respeitar as pessoas, os direitos humanos e as necessidades delas.
[...] - Profissionalismo - digo, finalmente, baixinho, só para o policial. - Prestar um serviço de policiamento profissional a todas as comunidades."

Até a próxima e boa leitura!

8 comentários

  1. Olá, tudo bem ?
    O nome da autora não me é estranho, claro que ela é bem famosa, mas quero lembrar qual obra li dela. De toda forma, eu gostei bastante, me parece um livro intenso, detalhista e profundo. Onde ela precisa olhar pra dentro e pra fora para que possa ir contra a tudo o que é imposto.
    Até anotei no skoob para ler depois.
    Sensacional, bem diferente de tudo o que vemos ultimamente e tem tornado mais do mesmo.
    beijos
    www.estilo-gisele.blogspot.com.br

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  2. Oiii,

    Eu já comecei a ler pensando "certeza de que esta perfeição vai ruir" kkkkk adoro quando a personagem é super perfeita e ai ela começa a descobrir que a vida não é perfeita e começa a mudar. Fiquei curiosa para poder entender um pouco melhor essa dinâmica do tribunal e tal, mas principalmente para poder conferir o processo de mudança da personagem, para ver o momento em que ela passa a entender que não concorda com todas as leis.

    Beijinhos...
    http://www.equipenerd.com.br/

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  3. Olá, Carolina

    Recebi esse livro da editora na época do lançamento, mas como li O Ano Em Que Te Conheci e achei bem ruim, acabei nem lendo esse. Achei bem bacana ter esse tanto de referências a acontecimentos marcantes da nossa história, e também nem sabia que a protagonista era negra. Vamos ver se calha de pintar a vontade de ler em algum momento.

    Beijos
    - Tami
    https://www.meuepilogo.com

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  4. Meu Deus! Como eu quero ler esse livro agora! Necessito dele! Mas fico muito triste por não terem publicado a continuação no Brasil.

    Sem dúvidas eu ficarei muito angustiada e revoltada com essa história, com toda essa loucura e injustiça. As pessoas serem julgadas e condenadas por serem imperfeitas e a empatia ser considerada imperfeição. Eu amo distopias, mas sempre sofro ao lê-las.

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  5. Olá, tudo bem? Da autora só li simplesmente acontece e amei! Ainda não tive tempo para conferir as outras obras da mwsme, mas já irei adicionar essa a lista com certeza! Amei suas considerações.

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  6. Oi, Carol! Os livros que li da Cecelia eu achei cansativos demais, mas achei interessante este em específico ser uma distopia; eu arriscaria a leitura dele. rs
    Pena que a editora não publicou o segundo livro, mas quem sabe ela ainda não pense nisso no futuro?
    Bjos
    LUcy - Por essas páginas

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  7. Olá Carolina!!!
    Bem, eu sou uma pessoa que teve sérios problemas com a escrita já da Cecília pois antes de chegar a ela como autora assisti adaptações dos livros dela e bem acabei não me encantando com o modo dela escrever.
    No entanto, não minto em dar mais uma chance para a autora e quem sabe por ela ter saído da zona de conforto dela acabe me agradando mais.
    Parabéns pela resenha!!!

    lereliterario.blogspot.com

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  8. Oi Carolina, tudo bem?
    Eu já vi várias resenhas desse livro e cada vez mais eu me interesso por ele porque sinceramente, não consigo imaginar um mundo como esse. Não ter empatia ser um crime punível dessa maneira que é descrita é de revirar o estômago. Confesso que não sabia que a protagonista é negra e isso torna o negócio bem mais interessante.
    Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky...
    http://www.osvampirosportenhos.com.br

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