Resenha: Uma Duas

Título: Uma Duas
Autor(a): Eliane Brum
Editora: Leya
Páginas: 176
Ano: 2011
Onde Comprar: Amazon
Sinopse: Em seu romance de estreia, Eliane Brum - conhecida no jornalismo pela sensibilidade e força do seu texto - mergulha num novo, mas não menos delicado desafio: transformar em palavra a intrincada relação entre mãe e filha. De que material são feitos os laços que as amarram? Como é tecida a trama de ódio e afeto entre duas mulheres (des)unidas pela carne? Uma duas é um retrato expressionista tão dramático quanto nauseante que foge de clichês e eufemismos que costumam cercar o tema. Dotada de um humanismo visceral, a autora entrelaça os narradores do mesmo modo que o acaso embaralha integrantes de uma família numa teia de subjetividades.
Qual parte da filha é dela mesma? E da mãe? Uma duas é literatura escrita com sangue.

[...] Como sua mãe ficou assim? Ela não responde. Você mora em outra cidade? Ela não responde. Sabe que ele também a condena. Que a culpa por ter uma mãe que apodrece viva num apartamento só pode ser dela. Da filha distante. Da filha indiferente. Da filha ingrata. Como eles poderiam saber que não há longe o suficiente para elas? Que não há separação possível entre elas? Que quando a mãe começou a apodrecer naquele apartamento algo na filha também começou a cheirar? Que não era o suicídio da mãe, mas o assassinato da filha?"

Eu acho a Eliane Brum uma das melhores jornalistas que nós temos hoje no Brasil. Sempre estou acompanhando tudo o que ela está escrevendo, então nada mais justo do que eu ler o principal livro dela de não-ficção.
Uma Duas é um livro curto, com menos de 200 páginas, uma edição de primeira feita pela Leya, uma história pesada e uma protagonista difícil de aceitar.
A sinopse é simples: como funciona a relação entre mãe e filha? Qual o peso do amor e do ódio entre as duas? A questão é como a autora constrói esse vínculo entre Maria Lúcia (a mãe) e Laura (a filha). De um modo cru, frio, sincero. De um modo difícil de ler e aceitar. De um modo que 176 páginas parece se transformar em bem mais folhas. No entanto, isso não torna a leitura ruim, só é pesada.
Acho que eu nunca tinha lido algo desse tipo. É tão difícil aceitar o tratamento de Laura com sua mãe, mas chega um momento em que acabamos ficando com dó dela, pois entendemos um pouco o porquê dela ser assim.
A escrita da Eliane Brum é magnífica! A gente consegue se sentir na pele de ambas personagens, já que as duas narram o livro. Inclusive, sobre isso, a construção da história é dividida em três partes (e como ela faz isso é muito interessante): as partes em negrito são as narrativas da filha, no presente; as partes em itálico são os textos escritos pela mãe; e as partes normais são os pensamentos e textos da filha no passado. No começo, essas mudanças ficam um pouco confusas, mas com o passar da trama, a gente vai entendendo o que cada parte representa.
Para finalizar, preciso trazer um questionamento meu: seria esse livro baseado em algumas vivências da autora? Pois, do jeito que ela escreve, parece muito que ou ela passou por algumas daquelas situações ou ela conhece alguém que passou. Todas as palavras colocadas nas páginas e todas as frases formadas são muito reais. Portanto, fica aqui o meu questionamento! Só sei que muito provavelmente a gente nunca vai saber isso.
Um livro impressionante e uma escrita belíssima! Mais que recomendado.

Até a próxima e boa leitura!

2 comentários

  1. Enquanto eu lia a resenha, fiquei imaginando também se não seria uma história baseada na própria vivência. Intenso né? Ainda não conhecia o livro e já estou bem curiosa pra ler.
    Valeu pela dica

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  2. Oi Carol!
    Não conheço esse livro, mas da jornalista já ouvi falar. Parece ser uma obra fantástica onde nos questionamos algumas vezes, obrigado pela dica, fiquei curiosa sobre o tratamento filha-mãe nessa trama, parabéns pela resenha, bjs!

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