Resenha: Lágrimas na Chuva - Um Rolê Pelo Mundo

Título: Lágrimas na Chuva
Autor(a): 
Rosa Montero
Tradutor(a): Celina Portocarrero
Editora: Nova Fronteira
Páginas: 368 | Ano: 2014 | País: Espanha
Onde Comprar:  Amazon
Sinopse: Replicantes e humanos convivem de forma pacífica na cidade de Madrid dos Estados Unidos da Terra. Criados para auxiliar os seres humanos em suas funções, os replicantes são androides orgânicos designados principalmente aos trabalhos mais perigosos. Foi assim que a replicante Bruna Husky passou anos em combate, até se aposentar e se tornar detetive particular.
Em 2109, porém, eventos misteriosos colocam em risco a paz na comunidade de humanos e robôs. Subitamente, vários replicantes começam a enlouquecer e ser assassinados de maneiras muito violentas. Enquanto isso, alguém invadiu os arquivos centrais dos Estados Unidos da Terra e está modificando a história da humanidade.
Contratada para investigar a loucura coletiva que está desestabilizando a sociedade, Bruna Husky terá que enfrentar obstáculos que põem em risco a sobrevivência, a memória e a identidade de sua espécie.


- Otávio Augusto se converteu no primeiro imperador romano, porque a República lhe outorgou poderes imensos. E por que a República fez isso? Por que se suicidou para dar passagem ao Império? Tácito explicava assim: Cuncta fessa. Que quer dizer "todos estão cansados". Foi o cansaço perante a insegurança política e social que levou Roma a perder seus direitos e suas liberdades. O medo provoca fome de autoritarismo nas pessoas. É um péssimo conselheiro, o medo. E agora olhe em volta, Bruna: todos estão assustados. Vivemos momentos críticos. Talvez nosso sistema democrático também esteja a ponto de se suicidar. Às vezes, os povos decidem se atirar no abismo.
- Um fantástico sistema democrático que envenena as crianças que não têm dinheiro.
- Um sistema democrático asqueroso, com certeza, mas o único que existe no universo. Pelo menos, no universo conhecido. Os omaás, os gneses e os balabis têm governos aristocráticos ou ditatoriais. Quanto ao Cosmos e a Labari, são dois Estados totalitários e terríveis. Nossa democracia, com todas as suas falhas, é um ganho imenso da humanidade, Bruna. O resultado de muitos séculos de esforço e sofrimento. Ouça, o mundo se move, a sociedade se move, e quanto mais democrática, mais mobilidade e maior capacidade de transformá-la. Na Terra, passamos por um século atroz; a Unificação só aconteceu há 14 anos. Nosso Estado é jovem e complexo, o primeiro Estado planetário; nós nos inventamos à medida que caminhamos... Podemos melhorar, mas para isso precisamos acreditar nas possibilidades da democracia, defendê-la e trabalhar para aperfeiçoá-la. Tenha confiança."


Uns anos atrás eu comecei a ler A Louca da Casa, da espanhola Rosa Montero. O livro era fininho, não chegava a ter 200 páginas e já tinha sido recomendado por outras pessoas. Não adiantou. Li umas 30, 50 páginas e larguei o livro. Achei a história confusa e a escrita da autora muito difícil. Mas cabeça dura como sou, alguns anos depois, comprei outro livro dela porque um sofrimento só é pouco. Para "piorar", ainda comprei uma ficção científica, um gênero que a autora não está acostumada a escrever.
Eis então que no final do ano passado eu decidi separar ele para ler. Estou falando de Lágrimas na Chuva, uma história sobre uma replicante investigadora, que terá que pôr em prática o seu talento uma vez que Madrid começa a entrar em guerra entre replicantes e humanos.
Os replicantes são androides orgânicos designados para auxiliar os seres humanos em suas funções, principalmente em trabalhos mais perigosos. Ambas as raças viviam pacificamente, porém, em 2019, alguns robôs começam a enlouquecer e morrem de maneira misteriosa e violenta - eles próprios se matam! Paralelamente a esses acontecimentos, alguém invadiu os arquivos centrais dos Estados Unidos da Terra (novo nome do nosso planeta) e está modificando dados e a história da humanidade, tudo para criminalizar os androides.
Eis então que no meio dessa loucura, após a nossa protagonista, Bruna Husky, ver a sua vizinha androide se matar na frente dela, um conhecido contrata ela para investigar toda essa maluquice. 
Como eu comentei no começo do texto, já tive uma mini experiência com a escrita da autora e não foi muito boa, mas a sinopse desse livro me chamou tanta atenção em uma Bienal do passado que fomos que mesmo assim decidi comprar e correr o risco. E que bom que fiz isso, por que Lágrimas na Chuva foi um dos melhores livros que li ano passado (dos poucos que li).
Ficção científica pura, com androides, seres alienígenas, viagem interplanetária, história se passando no futuro, bastante ação e mistérios. E o mais importante: o título, que faz uma referência linda ao clássico do cinema Blade Runner, lançado em 1982.
Sério, eu nunca achei que fosse gostar tanto desse livro. O enredo me prendeu de uma forma, que queria saber logo quem estava armando toda a revolta contra os androides. As discussões que a Rosa Montero traz são muito necessárias e a forma que ela traz tudo isso é muito interessante. Direitos humanos, política, democracia, movimentos de supremacia branca, sociedades. Tudo isso é discutido aqui. Aí quando eu achava que não dava pra ela me surpreender, surgem as diversas outras raças que moram em outros planetas.
Como disse, apesar de não estar esperando essa parte de "alienígenas" e outros planetas, talvez essa tenha sido o enredo que menos gostei. Em alguns momentos parecia que só estava ali para preencher a história, sem acrescentar muito.
Outro detalhe muito legal é o livro se passar em Madrid, na Espanha. Gosto muito de conhecer histórias que estamos acostumados a ver nos livros e cinemas, mas se passando fora do eixo EUA-Inglaterra. É também um livro que facilmente poderia virar um filme e dar certo (claro, se bem adaptado).
Enfim, para quem gosta de ficção científica ou quer começar a ler o gênero, Lágrimas na Chuva é uma boa indicação. Se ficaram interessados, não se esqueçam de comprar o livro pelo nosso link da Amazon, que fica sempre no começo das postagens.

Até a próxima e boa leitura!

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