Resenha: As Alegrias da Maternidade - Um Rolê Pelo Mundo

Título: As Alegrias da Maternidade
Autor(a): Buchi Emecheta
Tradutor(a): Heloisa Jahn
Editora: Dublinense
Páginas: 320 | Ano: 2017 | País: Nigéria
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Sinopse: Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.


O ano era 1934 e o local era Lagos, na época colônia britânica. O bairro residencial de Yabá, a uma pequena distância da ilha, fora construído pelos britânicos para os britânicos, embora muitos africanos, como o marido de Nnu Ego, trabalhassem lá como serviçais e empregados domésticos; uns poucos estrangeiros negros, funcionários de baixo escalão, viviam em algumas das casas modestas do bairro. Mesmo naquele tempo, Lagos estava crescendo depressa e, pouco depois, seria a capital de um país recém-estabelecido chamado Nigéria."

Buchi Emecheta nasceu em 1944, na cidade iorubá de Lagos, na Nigéria. Sua carreira de escritora foi destinada a questionar os estereótipos das mulheres nigerianas e africanas ao expor a sua realidade diária e a opressão das normas sociais. Entre as críticas feitas por ela, as principais são para o tipo de educação destinado às mulheres, a valorização da maternidade como única preocupação possível e a violência do colonialismo.
As Alegrias da Maternidade, publicado pela primeira vez em 1979, tem como cenário a Nigéria colonial da primeira metade do século XX. Nossa protagonista , a jovem igbo Nnu Ego, tem um único objetivo na vida: ser mãe. Filha de Ona, uma mulher orgulhosa e portanto, socialmente inadequada para a sociedade, uma vez que não tinha pretensões de ser mãe; e de Agbadi, chefe local do vilarejo de Ibuza, onde as tradições nativas ainda sobrevivem e a influência da colonização não chegou.
O seu primeiro casamento não dura muito tempo uma vez que ela não consegue gerar filhos. Ela atribui a má fortuna à sua chi, uma espécie de guia espiritual da tradição igbo. Na contínua tentativa de engravidar, seu pai casa ela com um homem da capital, Lagos. Nnaife trabalha na casa dos brancos ocidentais lavando as suas roupas.
Mesmo após conseguir dar à luz, seus sofrimentos não terminam. As condições para sustentar seus filhos na cidade grande são precárias e Nnu Ego não consegue se adaptar a nova terra. As influências da cultura do colonizador inglês atinge ela diretamente, transformando os seus valores tradicionais.
A leitura é lenta, pesada e muitas vezes eu me perdia nos inúmeros nomes dos personagens. Mas foi um aprendizado ler esse livro. A cultura que nos é apresentada, as diferenças de época e país, que são muito diferente das nossas.
As Alegrias da Maternidade é um livro denso, angustiante, triste. É desesperador ver Nnu Ego sofrendo todas essas violências, tanto físicas como mentais. Externas e internas. As violências que ela própria comete com ela por causa de uma cultura, de uma sociedade, que só prioriza o filho. O final é ao mesmo tempo melancólico e libertador.
Um livro que recomendo para todo mundo ler. Para conhecerem a Nigéria do século XX, para verem o resultado da colonização inglesa no país. Uma leitura que todos deveriam fazer.

[...] Os homens nos fazem acreditar que precisamos desejar filhos ou morrer. Foi por isso que quando perdi meu primeiro filho eu quis a morte, porque não fora capaz de corresponder ao modelo esperado de mim pelos homens de minha vida, meu pai e meu marido, e agora tenho que incluir também meus filhos. Mas quem foi que escreveu a lei que nos proíbe de investir nossas esperanças em nossas filhas? Nós, mulheres, corroboramos essa lei mais que ninguém. Enquanto não mudarmos isso, este mundo continuará sendo um mundo de homens, mundo esse que as mulheres sempre ajudarão a construir."


Até a próxima e boa leitura. (E não se esqueçam de comprar com o nosso link localizado no começo do post, se gostaram do livro).

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