Resenha: Parthenon Místico

Título: Parthenon Místico
Autor(a): Enéias Tavares
Editora: DarkSide
Páginas: 364 | Ano: 2020
Onde Comprar:   Amazon
Sinopse: O cenário é o Brasil do século XIX. No mundo concebido pela mente do premiado autor Enéias Tavares, a tecnologia a vapor permite a existência de carruagens sem cavalos, máquinas voadoras e prodigiosos robôs autômatos. É neste lugar que um grupo de personagens inusitados se une para formar o Parthenon Místico e enfrentar os vilões da Ordem Positivista Nacional.
Dividida em seis partes, a trama é contada por noitários e gravações, recriando os estilos textuais dos autores que emprestaram seus personagens a Tavares. Soma-se ao texto a arte de Ana Koehler que coloca em seu belo traço os personagens do livro.



Um visionário inglês chamado William Blake. Segundo ele, o ácido corrói e destrói para revelar a verdade escondida atrás da vã superfície. Acho que é isso que tentamos fazer com o Parthenon Místico, Sergio. Destruir conceitos petrificados, corroer visões distorcidas, alquebrar certezas moralistas, mesmo que, para isso, tenhamos de usar o ácido e o fogo alquímico, para só então alcançar a pedra filosofal, o conhecimento ancestral, a resposta a todas as perguntas."



Eu não sei nem como começar essa resenha, porque Parthenon Místico foi simplesmente a maior surpresa de 2024. O universo criado pelo autor Enéias Tavares é tão repleto de detalhes, tão bem construído; os personagens têm motivações; a pesquisa feita para representar uma Porto Alegre nos anos 1896 um tanto fantasiosa é brilhante; as referências. Tudo nesse livro é perfeito. Inclusive o projeto gráfico da DarkSide - na minha opinião, dos livros mais bonitos da editora.
Março de 1896. Morando em São Paulo e infeliz, o jovem Sergio Pompeu é surpreendido quando recebe uma carta de uma pessoa do seu passado, Bento Alves. Agora um caçador de recompensas, Bento continua morando em Porto Alegre dos Amantes e faz parte da sociedade secreta do Parthenon Místico!
Chegando lá, encontra com uma cidade repleta de carruagens mecanizadas (sem cavalos!), máquinas voadoras e robôs autômatos. E é recebido da melhor maneira: perseguido por policiais que trabalham para a Ordem Positivista Nacional, uma espécie de grupo nazista.
Salvo por Giovanni Felippeto (um violinista com um braço de metal) e o simpático robô, Trolho - integrantes do enigmático grupo de mocinhos, Sergio enfim chega na Ilha do Desencanto, que contém a Mansão dos Encantos, com inúmeros cômodos e até um labirinto no seu terreno.
Entre os outros heróis, estão o Doutor Benignus, o cientista responsável por construir as armas e proteções do grupo; Vitória Acauã, uma jovem indígena que conversa com os mortos; Solfieri de Azevedo, um jovem mórbido que nunca envelhece; Antoine Louison, médico, ponderado e o mais velho, é o líder do grupo; Beatriz de Almeida & Souza, uma renomada escritora negra, que precisou por anos se vestir de homem e usar a alcunha de Dante D'Augustine.
O objetivo do Parthenon Místico é lutar por causas humanitárias, libertar escravos, garantir os direitos das mulheres e de outros desfavorecidos. Além de combater organizações poderosas, corruptas e opressoras, como por exemplo a Ordem Positivista, liderado pelo Grão-Ancião Positivista.
O livro é narrado por noitários (que são tipo um diário) e gravações feitas por robôs serviçais. No começo, por esse estilo, é um pouco difícil de entender o que está acontecendo na história ou se apegar aos personagens, mas com o passar dos acontecimentos, eu fui me prendendo tanto na história, que nem vi a história acabar.
O universo construído pelo autor é algo que eu nunca vi. As pesquisas feitas para construir uma Porto Alegre de 1800 condizente dentro de um universo fantástico, as referências literárias a outros personagens clássicos ou escritores brasileiros importantíssimos, a crítica sociopolítica, os personagens bem diferentes e com características únicas.
Enfim, uma excelente surpresa, que virou fácil a minha leitura favorita de 2024 e que recomendo para todos os amantes de fantasia e ficção científica - num subgênero do steampunk, que temos pouquíssimas referências no mundo (só lembro na verdade de Bioshock, que inclusive, é outra ótima sugestão) e uma recomendação única na nossa literatura nacional.

Obs.: o site do livro é excelente, cheio de conteúdo extra, como artes e contos inéditos. Vale a conferida.

Até a próxima e boa leitura!

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